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Ipsos aponta sete tendências de consumo e comportamento

Ipsos aponta sete tendências de consumo e comportamento

Ipsos aponta sete tendências de consumo e comportamento

Estudo identifica os movimentos que nortearão as decisões de compra e as estratégias das empresas

A Ipsos lançou sua 8ª onda de pesquisas do Observatório de Tendências no último dia 6, em São Paulo. O estudo qualitativo aponta as sete tendências de consumo e comportamento que afetarão a tomada de decisão dos clientes e, consequentemente, nortearão as empresas no planejamento estratégico de suas marcas e seus produtos. Elas indicam como os acontecimentos políticos, econômicos, sociais e culturais podem alterar as atitudes do consumidor em relação às suas compras. “É um trabalho muito além de identificar ‘modinhas’ ou ‘febres’. Não buscamos o efêmero, mas o que tende a ser contínuo e que mora por trás do que vemos manifestado no dia a dia”, afirma Eduardo Trevisan, gerente de Inovação da Ipsos. 

Além de considerar pesquisa bibliográfica, entrevistas em profundidades, análise semiótica, etnografia e grupos de discussão, essa nova edição do estudo contempla também o social listening em sua metodologia. “Realizamos um acompanhamento nas redes sociais para compreender a evolução de termos ligados às tendências na rede. A leitura desses movimentos nos ajuda a entender o nível de assimilação que certas tendências têm na sociedade brasileira como um todo”, comenta Ana Malamud, diretora da área qualitativa da Ipsos. 

As sete tendências identificadas pela Ipsos são:

GO EMBODY. A absorção da tecnologia no corpo e na matéria.

Se nos estudos anteriores a tecnologia significava rupturas de barreiras e ampliação de horizontes, hoje ela é absorvida por corpos e matérias.  “A tecnologia está incorporada e absorvida – na biotecnologia, na nanotecnologia. Está dentro do corpo e da matéria. E os números assumem uma centralidade inédita, com a possibilidade de transformar praticamente todas as áreas da vida. E tudo isso de alguma maneira evidencia a indiscutível instauração de uma nova forma de se relacionar com a tecnologia e com o espaço: o paradigma algorítmico”, conclui Clotilde.

ID QUEST. Entre a fratura das redes e os novos afetos.

Essa tendência se sustenta na busca do indivíduo pela sua identidade e segurança em torno dela.  Porém, o sentido principal é o do desalento, com as redes de proteção fraturadas, incapazes de dar acolhimento ou segurança. As pessoas não querem surpresas nem discordâncias, por isso, há uma busca maior por controle. Há uma valorização da relação com os pets. Os animais estão sob os comandos das pessoas, que determinam onde eles vão dormir, se vão passear ou não, etc. Os eletrônicos, como a assistente virtual Alexa, também são valorizados e, com eles, a relação é de quase total controle. “Nenhum grupo identitário, definido por gênero, aparência ou classe social, se sente plenamente reconhecido, representado e respeitado. Isso provoca o deslizamento dos afetos: das pessoas para os animais, das instituições públicas para as marcas, do que é humano e afetivamente complexo para o que é físico e tecnologicamente seguro”, afirma a coordenadora do Observatório de Tendências da Ipsos.

 KNOW YOUR RIGHTS. A normalização e a conscientização do consumo.

Tendência fundamentada no consumo, na sua relação com a existência humana e social e nas críticas decorrentes dessa centralidade. Na edição anterior do estudo, a questão humana ganhou relevância e o consumo passou a ser encarado como possível solução para a crise mundial. “Só que hoje, por mais que abrace causas e dispute propósitos, esse consumo não dá conta das responsabilidades que ele próprio tinha abraçado, diante da real diminuição da circulação de dinheiro. Mas, longe de dar a causa como perdida, a situação atual vem favorecendo o surgimento de novas e promissoras possibilidades, a partir da busca por outras lógicas de produção e consumo – resgatando valores como responsabilidade, compartilhamento, sustentabilidade, inclusão e cidadania”, diz Clotilde.

 KRONOS FEVER. Evasão do tempo presente.

A relação do homem com o tempo vem como um desejo de fuga do presente, do agora. A fuga se materializa em maratonas de séries em serviços de streaming ou em maratonas de corrida. São horas dedicadas para fazer algo sem conexão com o agora. “Como escapar do presente é a grande questão que aparece. O caminho tem sido resgatar no passado as referências para entender o presente e rever os planos para o futuro. Mas do passado ressuscitam também antigos fantasmas que nos assombram”, afirma a coordenadora do estudo. As pessoas se sentem amparadas pelo desenvolvimento tecnológico e percebem a constante aceleração em relação ao futuro, mas não tem nenhuma convicção de que nele encontrarão refúgio para as suas angústias. “Um passado mal resolvido e um futuro pouco promissor nos confinam a um presente angustiante, do qual só se pode querer escapar”, conclui.

 LIVING WELL. Corpo são, mente insana.

O fundamento desta tendência está no bem-estar, um paradigma utópico que nos mobiliza incessantemente, sempre na intersecção entre o corpo, a mente e o plano espiritual. No início, a busca pelo bem-estar equilibrava-se na tricotomia “eu devo” – “eu quero” – “eu posso”. Depois, já no plano do “eu preciso”, havia um grande sentido de instrumentalização, com múltiplos caminhos ao bem-estar, era o tempo do “eu sei como”. “Hoje, a sensação é a de que todos os caminhos e possibilidades levam a um bem-estar do corpo concreto, da saúde física e da aparência estética – com graves prejuízos à sanidade da mente e ao equilíbrio espiritual. A midiatização da beleza e do bem-estar, a instrumentalização estética do corpo, o total descolamento entre o parecer bonito e o sentir-se bem, o crescimento do isolamento e do individualismo – tudo isso evidencia que o bem-estar pleno nunca esteve tão longe de ser alcançado. Estamos na ordem do bem-estar fragmentado, parcial, limitado. Estamos na ordem do ‘eu tentei’”, comenta a coordenadora do estudo.

 MAXIMUM EXPOSURE. O sensível espetacularizado.

O marasmo do cotidiano sempre provocou nas pessoas a busca por mecanismos de ruptura, seja pela radicalização mais extrema, seja pela imersão mais sensorial. “Atualmente, o que se percebe é a completa fusão entre a dimensão imersiva e o aspecto radical da tendência. Ou seja, estamos imersos na ruptura, vivemos a cotidianização do radical e, ao mesmo tempo, a radicalização do cotidiano”, explica Clotilde. “Não se trata mais de romper com a rotina. Agora, todos os instantes podem ser de alguma forma extremos e disruptivos. A agressividade está naturalizada, midiatizada, estetizada, ao ponto de não mais chocar nem agredir propriamente. A vigilância já faz parte do dia-a-dia – de modo que já não se pode mais viver sem a presunção de um registro, por mais invasivo que ele seja. A exposição da intimidade está banalizada. Tudo pode e deve ser divulgado, compartilhado, publicado”.

MY WAY. Criar e ser criado.

Essa tendência explora a relação do homem contemporâneo com a indústria, tanto na sua busca por individualização, que aparece nos processos de customização, como na sua própria capacidade produtiva, por exemplo, no artesanato. Há uma valorização da criatividade e a criação do novo artesanal. As impressoras 3D são um dos contribuidores para esse novo artesanal, que não é tão manual assim. “Frente à massa uniformizada, a singularidade de cada indivíduo se constrói, se reforça e se autoaperfeiçoa na lógica inteligente dos algoritmos, que faz tudo parecer feito e pensado para cada um de nós. Ante um mercado hiper-homogeneizado, softwares, redes e máquinas permitem uma produção individual cada vez mais interessante e que tem impactado positivamente o mercado. Tudo isso com influência direta na qualidade da produção artesanal, na criação e na distribuição de conteúdos culturais, e na valorização da criatividade e do empreendedorismo”, afirma Clotilde.

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