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Valorização dos relógios de luxo em cinco anos supera a das ações

Valorização dos relógios de luxo em cinco anos supera a das ações

Valorização dos relógios de luxo em cinco anos supera a das ações

Peças seminovas aumentaram de preço nos últimos anos e escassez alimenta uma tendência de investimento alternativo

Imagem Forbes Brasil

Relógios de luxo são símbolos de status, moda, arte mecânica e estilo. No entanto, o acessório também pode ser considerado um ativo com grande potencial de valorização. Em cinco anos, os preços dos relógios de luxo no mercado de seminovos valorizaram em média 20% ao ano.

Os dados são de um relatório de março do Boston Consulting Group e da Watch Box. Segundo a análise, os ganhos anuais nos preços dos relógios de luxo superaram a taxa anual de crescimento do índice de ações americano S&P 500, que foi de 8% no mesmo período de cinco anos.
Isso não quer dizer que as oscilações nos preços são apenas de valorização. Marcas como Rolex, Patek Philippe e Audemars Piguet viram seus preços cair até um terço em meados de 2022, refletindo a queda no mercado de renda variável como um todo.

Entretanto, no longo prazo, o relatório destaca que o segmento leva menos tempo para se recuperar e por isso consegue boas taxas de ganhos. Durante a crise do subprime de 2007 a 2009, o preço dos relógios voltou aos patamares anteriores em menos de dois anos. Outros produtos financeiros levaram mais tempo. Mesmo os preços de relógios de marcas independentes, como FP Journe, H. Moser & Cia. e De Bethune, subiram 15% entre 2018 e 2023, segundo o BCG.

As vendas de relógios seminovos atingiram US$ 22 bilhões em 2021 e responderam por quase um terço (29,33%) do mercado total de relógios de luxo, que movimentou US$ 75 bilhões naquele ano. A projeção para 2022 vai na mesma linha, com os seminovos somando US$ 24 bilhões em vendas, enquanto o mercado total fecharia com faturamento de US$ 79 bilhões.

Até 2026, a consultoria prevê que o mercado de seminovos deve crescer 9%, em média, ao ano, para US$ 35 bilhões, à medida que o preço dos relógios de luxo aumenta e mais pessoas começam a colecionar as peças.

Febre dos seminovos

Alguns fatores favorecem as negociações no mercado de segunda mão, segundo o relatório. Cerca de 95% dos relógios negociados não são mais produzidos, de modo que atraem colecionadores que buscam modelos raros e especiais.

Além disso, plataformas online como WatchBox, Chrono24 e Watchfinder, ajudam no crescimento do mercado, especialmente entre a Geração Z e os Millennials. “[Eles] se sentem à vontade para comprar online, ajudando a educar os compradores, incentivando a transparência de preços e reunindo compradores e vendedores”, diz o documento.

Segundo a consultoria, as vendas online de relógios de luxo já superam as vendas das peças em leilões e lojas especializadas e seguem uma trajetória para representar até 60% das vendas de seminovos até 2026.

Para o BCG, o interesse dessas gerações mais novas também está associado ao elemento social, tanto online quanto offline. “Muitos colecionadores trocam informações pelo Reddit e outros fóruns e exibem suas aquisições em redes como Instagram e TikTok”, diz o texto.

Investimento alternativo

O Boston Consulting Group avalia os relógios de luxo seminovos como investimentos alternativos para a diversificação de portfólio. Segundo o relatório, investidores ricos buscam as peças devido à forte demanda e porque apresentam forte desempenho de preço no longo prazo.

“Os compradores consideram a categoria um investimento estável, construído em marcas respeitáveis e apoiado por uma base de consumidores de alto patrimônio líquido”, diz o relatório.

Em um período de tempo maior, de dez anos, os relógios de luxo superaram outros “investimentos alternativos”, como joias, bolsas, vinhos e obras de arte.
Porém, neste recorte temporal, o índice de ações S&P 500 se saiu melhor na valorização.

Entre 2012 e 2022, os relógios de luxo tiveram uma taxa de valorização anual de 7%, enquanto o S&P 500 registrou uma taxa de 12% no mesmo período.
A pandemia e a escassez de produtos no mercado internacional contribuíram para o aumento da demanda de seminovos nos últimos anos, especificamente.

Em 2020, as vendas nos mercados de relógios de primeira mão diminuíram 17%. Em paralelo, as vendas de relógios seminovos aumentaram 3%, segundo a análise da consultoria.
Os relógios de luxo seminovos passaram a ser comercializados por 1,5 a 2 vezes seus preços anteriores à pandemia entre 2020 e 2021. Uma das justificativas dos compradores era a longa lista de espera para a compra de um novo.

Conforme cresce, o setor também melhora sua qualidade de transparência. Em dezembro, a Rolex S.A., maior empresa do segmento de relógios de luxo, anunciou que vai emitir certificados de autenticação e garantia para suas peças de segunda mão por meio de sua revenda autorizada.

A Rolex produz anualmente 1 milhão de peças e detém 30% do mercado de relógios de luxo. Suas vendas totais somam US$ 8,5 bilhões por ano e a empresa espera aumentar o público com a revenda por meio dos seus autorizados.

Para o BCG, esse é o futuro do setor. “Marcas de relógios voltadas para o futuro, de olho no gerenciamento de marcas de longo prazo, estão examinando os benefícios de integrar suas estratégias de mercado de primeira e segunda mão.”

*Monique Lima para Forbes Brasil

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