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Ouro ‘cai’, joias ‘sobem’. Por que isso acontece?

Ouro ‘cai’, joias ‘sobem’. Por que isso acontece?

Ouro ‘cai’, joias ‘sobem’. Por que isso acontece?

Ao mesmo tempo em que a cotação do grama do ouro spot cai, joias mundo afora reajustam seus preços. Diferença está nos ‘detalhes’

Image by fxquadro on Freepik

Por Lucas Eduardo Soares*

Maleáveis, indestrutíveis e não sofrem com a ação do tempo – como ocorre com outros metais que amargam com a corrosão no passar dos anos. O ‘ouro’ é um dos itens mais preciosos que existem no mundo e, na história, tem seu lugar marcado nas coroas de grandes reis, nos detalhes de inúmeros templos religiosos e em grandes marcos arquitetônicos, como o Taj Mahal.

Mas para muitos investidores o grama do ouro não é mais considerado o “porto-seguro” em tempos de instabilidade do mercado. É o que mostra a provedora global de soluções ao mercado financeiro Comdinheiro. Segundo a empresa, a cotação do grama do ouro spot na B3 apresentou queda de 11,82% entre o final de dezembro de 2021 e o dia 18 de agosto, saindo de R$ 330 cada grama para R$ 290,99.

O número relevante, já que, explica a Comdinheiro, o metal se valoriza em cenários negativos, como ocorreu durante a pandemia da Covid-19. Porém, no longo prazo, se o ouro apresenta características de retenção de valor, consequentemente não há sustentação para picos de valorização.

“Como já vimos no pós-2008, espera-se que, depois de uma alta tão significativa os preços convirjam à sua tendência histórica de valorização regular, o que indica que devemos ter uma estabilização/queda nos próximos meses em linha com o que já vem ocorrendo ao longo do ano”, afirma o diretor da plataforma, Filipe Ferreira.

E as joias com isso?

Enquanto há o debate sobre a cotação do grama do ouro, as joias vão muito bem. Exemplificam essa tendência as peças da Cartier, que tiveram um reajuste neste ano de até 5%, justificando que o aumento ocorre em linha com o que outras marcas vêm fazendo – como a Chanel, que realizou três correções nos valores em 12 meses.

Na mesma linha, a Van Cleef & Arpels (VCA) aumentou os preços em 8% em todas as coleções de joias e relógios em maio. E os ajustes incluem também as coleções de alta joalheria, como Snowflake e Folie des Prés. Já a Bvlgari anunciou alta de 15%. Ou seja: tem ficado cada vez mais caro, para quem tem condições, comprar mimos para lá de preciosos.

Mas, afinal, por que o ouro caiu e as joias vêm subindo? “Há uma correlação entre o valor do ouro e da joia, mas não é tão direta assim quando falamos de marcas de luxo, como a Cartier”, diz a CEO da Front Row, marketplace de brechós de artigos de luxo, Lilian Marques.

De acordo com ela, o que distingue é o detalhe. “São designs exclusivos, únicos e muito demandados por colecionadores. Este diferencial é o que valoriza a peça, mesmo que a cotação do ouro esteja em baixa”, acrescenta Lilian, lembrando que, por isso, joias vêm sendo procuradas como ativos alternativos de investimento.

Sendo assim, o que está em jogo, mesmo, são as minúcias das peças, suas formas, seu design – assim como o seu nome.

Se falamos de detalhes, nos lembramos das famosas Tiffany e Bvlgari. No primeiro semestre deste ano, elas, que pertencem ao grupo LVMH, registraram crescimento de 16% da área de joias e relógios se comparado com o mesmo período do ano passado. Os números mostram: as vendas somaram 4,9 bilhões de euros.

No caso das joalherias do grupo Richemont (Van Cleef & Arpels, Buccellati e Cartier), o faturamento foi de 3,01 bilhões de euros em vendas no segundo trimestre deste ano.

Joias de segunda mão também têm alta

Segundo a CEO da Front Row, Lilian Marques, a demanda não é só para novas coleções, mas também para o segmento de second hand (segunda mão). “Na Front Row, observamos uma alta do ticket médio de 38,5% em relação a 2021. Hoje a cada 10 vendas que fazemos 25% são de joias”, ressalta Lilian, ao lembrar que a plataforma conta com peças novas e usadas.

Já no mundo inteiro, estimativas da GlobalData dão conta de que o valor movimentado pelo segmento de joias usadas em todo o mundo cresça 112,5%, de US$ 24 bilhões em 2019 para US$ 51 bilhões em 2025.

E a tendência de crescimento é impulsionada pela mudança de comportamento do consumidor, gargalos de mercado provocados pela pandemia e o maior acesso das pessoas em plataformas especializadas que fazem curadoria antes da exposição das peças, explica a CEO.

“As pessoas antes tinham preconceito em comprar artigos usados. Hoje estão mais conscientes quando se trata de consumo e valorizam as peças. Outra questão é que a produção de peças novas foi prejudicada pela pandemia, o que fez os consumidores buscarem peças já utilizadas”, sinaliza Lilian.

*Lucas Eduardo Soares para Inset

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