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Por que grandes marcas de luxo não participam da Black Friday?

Por que grandes marcas de luxo não participam da Black Friday?

Por que grandes marcas de luxo não participam da Black Friday?

Exclusividade é regra para as marcas seletas, que fogem de promoções para as massas

Paulo Guilherme Guri*

Legenda: Rolex Daytona: este também não entra nunca em promoção. Patrick T. Fallon/Bloomberg

Pode procurar à vontade: você não vai achar nenhuma promoção de Black Friday para os veículos 0 km da Ferrari. Também não vai ver anúncio com descontos na compra de relógio Rolex, nem das bolsas originais da Hermès ou da Louis Vuitton.

O mercado de luxo ignora solenemente a Black Friday, assim como as liquidações de verão e inverno. Não há preocupação com queima de estoque. Pagar caro por um produto exclusivo é justamente o marketing das marcas que compõem este seleto grupo.

A Black Friday nasceu nos Estados Unidos para atender a um mercado de alto volume. No Brasil, ela foi pensada para fazer o consumidor gastar antes do Natal e funciona para produtos de alto consumo e de valores mais baixos. É justamente o oposto do que trabalha o mercado de luxo.

Lorenzo Merlino, estilista e professor da FAAP (Centro Universitário Armando Alvares Penteado), explica que muitas marcas do mercado de luxo não fazem liquidação como forma de valorizar o produto. “E para não educar o consumidor a esperar por essas promoções”, afirma. “Liquidação tem uma reverberação extremamente negativa para a marca, que é fazer o consumidor esperar a época das promoções para comprar. O consumidor pensa: ‘por que vou comprar agora se daqui seis meses terei o produto por preço menor?’”

Patricia Diniz, consultora de Marketing, Branding e Gestão e docente de pós-graduação na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo), destaca que a grande maioria das marcas de luxo não participa de campanhas como a Black Friday. “O conceito de promoção e desconto não se usa quando se fala em mercado de luxo. Um dos seus maiores ativos é a sua própria imagem. Quando uma grande marca participa de uma promoção como a BF acaba impactando o seu brand equity [conceito ligado à valorização de uma marca pelo consumidor e pelo mercado].”

“Se está em uma liquidação é porque quer vender mais para mais gente”, reforça a especialista da ESPM. “E as marcas de luxo querem manter a noção da exclusividade. Quando se avalia um produto de uma marca de luxo, em teoria, ele tem um valor alto também pelo próprio valor que a marca agrega a ele. Seguindo essa lógica, não faz sentido fazer promoção, ao contrário, a tendência é aumentar os preços.”

Uma estratégia que algumas marcas de luxo usam para atrair um novo consumidor é colocar em promoção produtos de valor mais baixo que não são o seu carro-chefe, como perfumes, óculos e acessórios. “Certos produtos são aspiracionais e integram a linha do luxo acessível. Esses produtos não refletem o core business [negócio principal] da marca, são extensões de linhas que ela faz para atender a um público mais amplo”, finaliza Patricia Diniz, da ESPM.

*Paulo Guilherme Guri para InvestNews

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