Formada em design e com carreira na aviação, mineira se inspira no pioneirismo e empoderamento de Amelia Earhart
Por Edmundo Ubiratan
Foi na torre de controle, com vista privilegiada de dezenas de aviões que a controladora de voo Gabriela Rodrigues da Cunha buscou inspiração para se tornar designer de joias.
A história ganha uma série de contornos curiosos, já que Gabriela é filha de uma controladora de voo. Nascida em Uberaba, cidade mineira com pouca vocação aeronáutica, Gabriela inicialmente se formou em design e apenas há seis anos ingressou no controle de tráfego aéreo. “Primeiro me formei em design, mas logo entrei em uma empresa aérea onde me apaixonei pela aviação”, conta Gabriela. Em seguida optou por seguir os passos da mãe e ingressou no grupo de controladores da Infraero, formado por civis. “Este mês [setembro] completo seis anos como controladora”.
Dois universos completamente distintos, mas que unidos rendeu uma coleção com forte inspiração no universo aeronáutico. A primeira coleção da designer e controladora homenageia a aviadora Amelia Earhart, a primeira mulher a iniciar circum-navegação, ainda década de 1930. Uma das propostas iniciais foi prestar um tributo a brasileira Ada Rogato, mas o alcance dos feitos da norte-americana, que inclusive chegou a desenvolver peças de vestuário para atender suas necessidades, ajudou na escolha da primeira homenageada. A aviadora foi uma das mulheres a desafiar seu tempo, não apenas vencendo barreiras do preconceito, mas como ao arriscar um voo extremamente arriscado. Ainda que não tenha completado a saga, Amelia se tornou um dos mais famosos nomes na aviação. “Ela acabou dando uma volta ao mundo ao se tornar mundialmente famosa”, avalia Gabriela. “Quero homenagear histórias como a de Amelia Earhart, pioneira na aviação mundial e defensora dos direitos das mulheres”, explica.
Outra homenagem ao setor aéreo foi o nome que escolheu para sua startup, batizada de Latitude Jewelry. Latitude é a coordenada geodésica de referência na superfície terrestre, a mais famosa das latitudes é a Linha do Equador, conhecida como latitude zero.
“Sempre fui apaixonada por moda e design e resolvi ampliar os meus horizontes no desenvolvimento de joias”, conta. Ao explicar o motivo do desenho das peças conta que um dos brincos remete a traçado realizado pelos aviadores pioneiros em cartas aeronáuticas, onde a plotagem da rota seguia uma linha e uma série de marcações por onde a aeronave deveria sobrevoar.
O processo entre esboçar a primeira joia e sua confecção final leva em média quatro meses. O primeiro passo é colocar no papel a ideia, que deverá ser estudada visando permitir sua execução. “Às vezes tive que ajustar o que desenhei para ser possível produzir”, conta. Materiais como ouro e prata são bastante flexíveis a formas, mas ainda assim é necessário saber se a ideia pode ser transferida para a peça, muitas vezes restrita por questões de construção. “Um brinco desta primeira coleção está recebendo esses ajustes”, revela Gabriela.
A aviação continua presente na vida de Gabriela, que manteve a profissão de controladora de tráfego aéreo, e o sonho levou sua mãe, inspiração profissional, a ser sua sócia no empreendimento.
A intenção é no futuro criar novas coleções que poderão homenagear destinos ou outros símbolos da aviação.