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Bvlgari celebra 140 com coleção de alta-joalheria Aeterna

Bvlgari celebra 140 com coleção de alta-joalheria Aeterna

Bvlgari celebra 140 com coleção de alta-joalheria Aeterna

Apresentadas em Roma, as criações incluem o colar mais importante já desenvolvido pela marca

140 quilates de diamantes, distribuídos entre 7 pedras em formato de gotas, para celebrar os 140 anos da Bvlgari. O colar mais importante já desenvolvido pela joalheria italiana, o Serpenti Aeterna, é “apenas” a ponta do iceberg de uma coleção comemorativa de alta-joalheria em homenagem à data, batizada de Aeterna (“eterna”, em latim”) e apresentada em Roma para convidados na segunda-feira, 20 de maio. “É importante estarmos em casa quando temos uma celebração tão importante”, diz Lucia Silvestri, diretora criativa da marca, em entrevista à Vogue.

Foi em 1884 que o grego Sotirios Boulgaris (nome que depois ele “italianizou” para Sotirio Bulgari) fundou, no coração de Roma, próximo à Escadaria da Piazza di Spagna, a joalheria que leva seu sobrenome. Com expertise originalmente em prata, que ele estudou na região de Épiro, Sotirio (junto, posteriormente, aos filhos Costantino e Giorgio) bebeu da cidade como inspiração para o que viria a definir o estilo Bvlgari: uma rica mistura de pedras coloridas (em referência às cores intensas da capital italiana), abundância de ouro amarelo ao invés de platina (o calor do sol romano), formas e volumes exuberantes (a grandiosidade da cidade, das ruínas da Antiguidade às fachadas barrocas), linhas sinuosas (tal como a arquitetura de Borromini ou um escultura de Bernini), gemas lapidadas em formato cabochão (as cúpulas infinitas), a herança e o passado da marca sempre presente nas novas criações (na Cidade Eterna, séculos de história coexistem com o novo, muitas vezes inclusive em um mesmo monumento).

Tais códigos, obviamente, estão todos presentes em Aeterna. Além de à Cidade Eterna, o “eterno” se refere à eternidade das pedras e a renascimento. Cunhada no século 1 a.C. pelo poeta Tibuillus de “Cidade Eterna” (do original “Urbs Aeterna”, em latim), Roma sobreviveu aos tempos, transformou-se ao longo dos séculos e reinventou-se incontáveis vezes. Uma cidade construída com camadas sobrepostas, une como nenhuma outra passado, presente e futuro. Abraçar o presente enquanto celebra o seu passado e herança e se reinventa continuamente é um sentimento do qual a Bvlgari também compartilha.

Outra das peças mais icônicas de Aeterna é uma gargantilha formada por cinco voltas de enormes esferas, metade delas de ouro rosa, metade de pavê de diamantes. A criação faz referência à coleção Chandra desenvolvida pela marca no começo dos anos 1990, na época composta por esferas brancas de porcelana. Desde o início de sua história, a Bvlgari nunca teve medo de misturar materiais inesperados (o rico repertório reúne de porcelana a moedas, passando por pedras menos utilizadas na joalheria tradicional) para alcançar o efeito desejado. “Tal como um pintor que escolhe os pigmentos da sua paleta, a Bvlgari seleciona os materiais pelo seu poder cromático e efeito visual e não pelo seu valor intrínseco”, definiu Gislain Aucremanne, diretor de curadoria de patrimônio da Bvlgari, no livro dedicado à coleção e publicado pela Rizzoli.

Uma moeda histórica, por exemplo, é o centro do colar Monete, que foi usado por Isabella Rossellini no desfile que apresentou a coleção em Roma. Feita de bronze, data da era do imperador Tiberius Augustus, que governou Roma entre 14 e 37 d.C., e vem acompanhado de 615 quilates de contas de esmeraldas. Como se pode imaginar, a moeda não segue perfeitamente redonda após dois mil anos de existência – e, para a marca, foi importante respeitar o seu formato e moldar uma estrutura que se adaptasse a ela, e não o contrário.

Entre outros tesouros resgatados para Aeterna, estão duas safiras do Sri Lanka, que somam 37,34 quilates, que pertenciam a uma nobre italiana que as havia herdado da mãe. Ao conhecer Lucia, lhe contou sobre o desejo de que as gemas “voltassem para casa” – no caso, a Bvlgari. Recompradas pela marca, as pedras agora decoram um colar protagonizado por duas cabeças de serpente – e podem ser facilmente removidas e usadas como protagonistas de um brinco. É também Lucia a responsável pelas aquisições das pedras espetaculares da Bvlgari, função que ela acumula com a de diretora criativa – uma das poucas compradoras mulheres de pedras preciosas deste nível, métier que ainda segue dominado por homens. “Ao escolher uma pedra, em primeiro lugar olho para a cor. A cor deve ser brilhante, não muito escura. Tem que ser uma cor alegre, com personalidade. Mas não é necessário que a gema tenha uma história realmente perfeita. Adoro ter alguma imperfeição (inclusão), porque essa é a vida dentro da gema. Ao olhar para ela, é um sinal de vida, de personalidade.”

É com esse olhar repleto de personalidade que a Bvlgari resgatou também, durante sua história, a lapidação cabochão. Conhecido desde a Antiguidade, o corte que é a cara da Bvlgari durante muito tempo na história da joalheria ficou mais reservado para pedras semipreciosas – na marca, adquiriu importância até hoje inigualável.

Principal peça da coleção, o colar Serpenti Aeterna começou a ser imaginado por Lucia há dois anos, tendo em vista o aniversário da marca. “Normalmente trabalhamos com gemas coloridas, e eu sempre começo a desenhar uma peça por elas. Nunca havíamos feito algo dessa magnitude com diamantes”, conta. Afinal, assim como Roma, a Bvlgari também é expert em ir além e surpreender. O corpo da peça, formado por 698 diamantes baguete, mimetiza o de uma serpente, que vai se entrelaçando com as gemas – e o fecho guarda como surpresa a cabeça de tal serpente. “A mais importante e preciosa joia que já criamos”, define Lucia.

Com preço estimado em US$ 43 milhões, o colar demandou 2.800 horas de trabalho e foi usado por Priyanka Chopra Jonas, embaixadora global da Bvlgari, para comparecer à noite de gala na segunda-feira. Após um preview durante o dia, as joias foram apresentadas para editores e convidados em um desfile, que se seguiu de um jantar de gala. Todos os eventos aconteceram no Chiostro di Michelangelo, a última obra arquitetônica do artista, localizada dentro da estrutura do antigo Termas di Diocleziano. Maior casa de banhos pública da Roma Antiga, o termas foi inaugurado em 306 d.C. e teve parte de seu espaço em ruínas transformado em basílica por Michelangelo durante o Renascimento – uma demonstração ao vivo de como tesouros da Antiguidade Clássica se fundem a obras-primas de outros períodos para formar a joia que é Roma.

Com Anne Hathaway, além de Priyanka, marcando presença na primeira-fila, o desfile reuniu na passarela modelos como Carla Bruni, Mariacarla Boscono e a brasileira Raynara Negrine – além de, surpresa, Isabella Rossellini. Sorridente e parecendo curtir cada momento, a atriz foi aplaudida por uma Anne emocionada. Dois modelos homens também compuseram o casting, usando, além de relógios (departamento que tem Fabrizio Buonamassa Stigliani como diretor criativo), broches.

“Os irmãos Bvlgari queriam compartilhar beleza. Beleza para realçar a beleza das mulheres. Portanto, não criamos algo apenas para ser usado e guardado, mas para que a beleza possa ser apreciada”, diz Lucia, que ingressou na marca em 1980 e ainda se lembra da sensação da primeira vez que viu uma das mesas repletas de gemas no escritório da família Bvlgari. “Fiquei fascinada. Foi um choque porque eu era muito jovem e nunca havia visto tantas pedras juntas. Eu me senti imediatamente apaixonado pelas joias. Acho que os três irmãos da época (Gianni, Paolo e Nicola, a terceira geração da família Bulgari) entenderam meus sentimentos, minha reação. Eles confiaram em mim e me deram a oportunidade de trabalhar com eles.”
*Vívian Sotocórno para Vogue

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