Preciosidade foi encontrada em uma mina em Botsuana, na África. O anúncio foi feito pela companhia de mineração canadense Lucara, no último dia 22
Um diamante de tamanho excepcional, o segundo maior do mundo, com 2.492 quilates e que cabe na palma da mão. Tal preciosidade foi encontrada em uma mina em Botsuana, na África. O anúncio foi feito pela companhia de mineração canadense Lucara na última quinta-feira (22).
O título de maior do mundo pertence ao Cullinan, de 3.106 quilates, e encontrado na vizinha África do Sul em 1905. Depois de ser lapidado e polido, ele se tornou parte das joias da coroa britânica.
Quilate é o peso do diamante. “Um grama tem cinco quilates“, explica Daniel Berringer, professor e sócio honorário do IBGM (Instituto Brasileiro de Gemas & Metais Preciosos). Isso quer dizer que o diamante encontrado pela empresa canadense pesa quase meio quilo. “Diamantes são raros por causa da escassez e da procura. Não adianta algo ser raro, mas ninguém querer. Então tem que ser uma coisa que tenha pouco e muita gente quer.”
Um diamante pode ser encontrado no leito de um rio, com um bocado de sorte, ou em grandes escavações. O difícil, mesmo, é achar uma pedra bruta e tão grande como a anunciada nesta semana.
Hoje, há buscas, principalmente, na África, no Canadá, na Austrália e na Rússia, segundo Berringer, ressaltando que nem sempre as pesquisas são perfeitas. E o Brasil? É até possível que tenha, mas, hoje, não em grande escala — e nem há histórico de achados significativos recentemente.
“O diamante grande tem um valor por quilate progressivo. Uma pedra de um quilate vale mais do que duas de meio, justamente porque ela é mais rara“, diz Berringer.
Como ele é lapidado?
Segundo Berringer, é difícil usar uma pedra grande assim, como a recentemente encontrada, com uma única finalidade. Por isso, muito provavelmente, ela vai ser lapidada e usada com diferentes finalidades. “Quando você pega um diamante muito grande, é muito difícil você fazer uma pedra só. Acaba fazendo várias, porque vai que ele tem alguma inclusão (uma fratura ou outro mineral) em alguma parte”, explica Berringer.
É preciso aproveitar ao máximo, por se tratar de uma pedra muito valiosa. Mas também é preciso cuidar e respeitar a física. “Se você lapidar de qualquer jeito, não brilha. Você tem que conciliar o respeito à física ótica com o aproveitamento de valor, então você acaba fazendo mais de uma pedra.”
Os sintéticos
Diferente do imaginário popular… Um diamante não é usado apenas em joias. Por sua dureza, ele tem um uso industrial muito importante, como em instrumentos abrasivos e de corte, por exemplo. Ele também conduz bem calor, o que é interessante para alguns equipamentos de uso industrial.
E aí… Entra outra parte da discussão: o diamante encontrado em Botsuana é o dito original, de mineração mesmo, que é formado em processo geológico na natureza. Mas há, hoje, diamantes sintéticos (muito usados e também valiosos).
“Existe o diamante que é feito em laboratório, feito por humanos. É a mesma coisa, não é zircônia, por exemplo. Tem as mesmas propriedades físicas e químicas de um diamante natural. É um diamante, mas feito em laboratório.”
E quais são essas propriedades? Alta pureza, índice de refração alto, mesma densidade, condutividade, calor.
Diamante é carbono. E é por isso que é possível, também, fazer um diamante a partir das cinzas de uma pessoa cremada, por exemplo. E o valor? Bem, ele não tem a raridade, mas tem o valor de produção, do material ao custo da mão de obra humana. E, nestes casos, o valor sentimental para a pessoa.
“[O sintético] É vendido como um produto industrial. Custa tanto para produzir, você coloca uma margem de lucro e vende. Ele não tem a raridade… Se você fala ‘bom, hoje eu quero 1 kg, faz aí.’ Aí demora um pouco, o cara faz, aí você compra… Mas o natural você tem que procurar e aquela mina pode te dar muito ou pouco”, explica Berringer.
De um jeito ou de outro… Barato nunca vai ser.
Fonte: G1