Por Ecio Morais
Nesse início de século, estamos vivenciando mudanças tão profundas que alguns cientistas sociais chegam a afirmar que não estamos frente à uma “era de mudanças”, mas sim diante de uma “mudança de era”. Os avanços tecnológicos em curso são exponenciais e modificarão radicalmente o nosso modo de encarar o mundo.
Nesse contexto, os diamantes produzidos em laboratório, também conhecidos como ‘Lab-Grown Diamonds’, são apenas uma das pontas deste enorme iceberg que se aproxima em uma velocidade espantosa. Gerados em laboratórios – que reproduzem as mesmas condições extremas de temperatura e pressão, transformando os átomos de carbono em diamantes naturais -, essas pedras prometem causar enorme impacto econômico no setor joalheiro. Com sua composição química idêntica de suas contrapartes naturais, seu valor 30% menor e sua extração que não agride o meio ambiente, os Lab-Grown Diamonds’ são mais sustentáveis aos olhos de um consumidor cada vez mais antenado.
Muitos especialistas afirmam que o diamante de laboratório veio para ficar e, até 2034, sua produção será equivalente aos dos diamantes naturais. O tempo e os novos consumidores dirão, no entanto, cabe ressaltar, que os ‘Lab-Grown Diamonds’ possuem uma grande desvantagem com relação aos naturais: a ausência da raridade, da singularidade e do conteúdo místico.
O caso dos ‘Lab-Grown’ pode ser encarado como um exemplo que aglutina um leque de desafios que teremos de enfrentar nos próximos anos. O desafio da transparência: é preciso informar o consumidor sobre o que ele está comprando; o desafio da sustentabilidade representado pelos subprodutos gerados pela mineração e o desafio do posicionamento do produto na mente do consumidor, nesse caso representado pela dicotomia natural X sintético. Portanto, na verdade, os ‘Lab-Grown’ não são o problema, eles são apenas a ponta do iceberg.