Recebidas de presente, as peças foram usadas em diversas ocasiões pela monarca, inclusive algumas delas originaram uma de suas tiaras mais imponentes
A rainha Elizabeth II manteve sua fidelidade a um estilo próprio, sempre chamando a atenção dos holofotes ao exibir vestido reto, chapéu ou lenço, e claro, suas joias.
Em geral, ela as escolhia de acordo com a ocasião: usava as peças pessoais em encontros informais e eventos formais públicos – reuniões, jantares, transmissões televisivas, …-, e as da coroa nos eventos oficiais do Estado – a exemplo da abertura anual do Parlamento (não é à toa que ela ficou conhecida por transmitir mensagens implícitas por meio de suas joias).
Ao longo de sua vida, a monarca contabilizou uma valiosa coleção com cerca de 300 itens de joalheria, estimada em US$110 milhões, composta por peças históricas herdadas de suas antepassadas, algumas aquisições e outras recebidas de presente, como as do governo brasileiro. E, coincidência ou não, a água-marinha é a protagonista em todos eles.
Elizabeth II ganhou suas primeiras joias brasileiras em 1953, por ocasião de sua coroação.
Ela recebeu um conjunto de colar e par de brincos adornados com 647 diamantes e 10 águas-marinhas (extraídas de uma mina localizada em Tenente Ananias-RN), das mãos do marechal João Baptista Mascarenhas de Moraes, na época representante oficial do governo de Getúlio Vargas.
Mais tarde, em agosto de 1958, o Brasil a presenteou novamente com uma pulseira e um broche com as mesmas gemas para combinar com a parure.
Dez anos depois, em 1968, em sua primeira e única visita ao Brasil, a rainha recebeu um enfeite de cabelo, também de diamantes e águas-marinhas, do governo de Artur Costa e Silva.
Gemas brasileiras originaram a famosa tiara de águas-marinhas
Por diversas vezes, ao longo de seu reinado, Elizabeth II exibiu tiaras, mas algumas delas foram escolhidas a dedo ou encomendadas por ela mesmo. Uma delas é a de platina cravejada de diamantes e águas-marinhas. O que poucos sabem é que ela é adornada com algumas das gemas de seus presentes brasileiros. É a tiara conhecida por ser uma joia em evolução, que começou a partir de outras peças.
Entenda: depois de exibir o primeiro conjunto em diversas ocasiões, a monarca assumiu, de fato, seu encanto pela cor e brilho das águas-marinhas, encomendando, em 1957, à joalheria britânica Garrard, uma nova peça para usar na cabeça. Inicialmente, a tiara tinha forma de um bandeau e consistia em três águas-marinhas, montadas em uma estrutura de platina. As gemas eram destacáveis e podiam ser usadas também como broches.
Depois, em 1971, a tiara foi novamente incrementada pela mesma joalheria com quatro ornamentos das peças recebidas em 1968. Ao mesmo tempo, o pingente original do colar de 1953 tornou-se o centro do novo design. E o colar foi reformado com um pingente da mesma pedra, mas de tamanho menor, também em modelo destacável.
A nova joia se tornou um dos diademas mais imponentes da coleção particular de Sua Majestade, tendo sido usado em variadas ocasiões, assim como as outras peças, em diversas configurações: parure completa ou peças avulsas. O broche, por exemplo, foi harmonizado com outras joias inúmeras vezes, incluindo aparições diurnas.
Por enquanto, segundo informações da imprensa britânica, a nova princesa de Gales, Kate, e sua filha, Charlotte, 3ª na linha sucessória ao trono, herdarão o rico acervo de joias de Elizabeth II. A atual rainha consorte, Camilla, esposa do rei Charles III, poderá usar algumas peças emprestadas da Coroa em ocasiões especiais.