Fabiana Queiroga usa a delicadeza para representar a trajetória humana e suas moradas
Por Michell Lott
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Quando um ser humano se enfeita com joias, ele se sente mais poderoso, mais cheio de vida e detentor de um segredo: somente ele e algumas poucas pessoas sabem, de fato, o valor, a origem e os materiais daquele item belíssimo. Por que não, então, presentear nossa casa com essas mesmas doses de luxo e mistério? A artista goiana Fabiana Queirogare interpretou esse ritual de forma lúdica e poética em sua coleção de joias para a casa chamada Ramificação do Sensível.
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As peças feitas de ouro mimetizam a natureza e trazem as formas naturais de flores e galhos, que algumas vezes são interrompidos por elementos humanos, criando uma relação imediata entre o habitante e a habitação.
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“Essas joias para casa em forma de flores vêm de uma vontade de perpetuar a natureza e fazer com que ela sobreviva ao tempo intacta. Está na hora do homem se reinventar, deixar de destruir tanto o planeta e desenvolver a sensibilidade de observar”, explica a goiana, originalmente designer e pós-graduada em arte contemporânea e moda. “Trata-se de joias não apenas pelo fato de se tratar de peças banhadas a ouro, mas na verdade porque a natureza é a nossa verdadeira joia.”
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A relação com o morar é vista por outra abordagem em sua série Nômade. As ilustrações, algumas feitas em aquarela e outras usando a técnica da gravura, falam do deslocamento do corpo no espaço, criando híbridos entre seres humanos, construções e plantas.
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“Passamos pela cidade lotada e ao mesmo tempo nos sentimos sós – mas nos conectamos com algumas pessoas no decorrer da vida. Nesse processo, percebemos que a arquitetura não é só o espaço que habitamos, mas sim uma extensão do nosso corpo.”
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Nômade é também o mesmo nome e a mesma temática da série de objetos criado por Fabiana. Nela, pequenos seres carregam consigo apenas o necessário: “O nomadismo traz consigo o desapego. Nos ensina a não acumular coisas demais. O mais importante, no fim, é a vivência.”
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Fonte: Casa Vogue