A instituição optou pela manutenção da taxa para evitar maiores riscos
Por Gabriel Moura
Confirmando a expectativa do mercado, o Banco Central (BC) manteve, mais uma vez, a Selic em 6,5%. O índice comprova que o ciclo de quedas da taxa se encerrou em março, sendo o último deste governo. Apesar da inflação acumulada em 12 meses ainda estar baixa, o câmbio está pressionado, e o Banco Central optou por manter a Selic sem correr grandes riscos momentâneos, principalmente por se tratar de um ano eleitoral.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ainda acumula, em 12 meses, menos de 3% e não há indícios de fortes pressões no curto prazo. A projeção do BC no boletim Focus para o IPCA está em torno de 3,5% neste ano, o que colocaria a taxa de juros real próxima ao patamar de 3%.
Segundo os analistas, o cenário de inflação sob controle, mas com as atividades num ritmo fraco, permitiu a redução da taxa de juros, como vinha sendo feito desde 2016. No entanto há indícios que revelam o fim desse ciclo de quedas da Selic.
O principal deles é o panorama internacional, que ainda tem liquidez elevada, porém é esperado um aumento nas taxas de juros na Europa e nos Estados Unidos. Diante desse cenário há uma pressão no câmbio que não permite ao Banco Central fazer apostas de risco a longo prazo. A alta do dólar tem persistido por muito tempo, o que faz aumentar as possíveis pressões inflacionárias vindas de fora do País.
Além disso, a conjuntura fiscal brasileira é um outro fator que impossibilita o Brasil de ter taxas de juros reais de 0% a 1%, como acontece em países desenvolvidos. Nesse âmbito, apesar do país já ter avançado um pouco, ainda necessita de atenção.
De acordo com os analistas, somente com um ajuste fiscal sério e eficiente poderá haver uma queda mais acentuada da taxa. É o que o mercado espera que o próximo governo faça, independente de quem vencer as eleições.