A marca Okubo Men foi lançada em novembro do ano passado e hoje representa entre 5% e 7% do faturamento da Julio Okubo
Por Carina Brito*
Prestes a completar 60 anos de existência, a joalheria familiar Julio Okubo precisou encontrar novas formas — e novos públicos — para se manter na ativa. Em novembro do ano passado, a aposta foi o lançamento da marca de joias masculinas Okubo Men. “O homem está interessado em se cuidar mais, e observamos a tendência no mercado europeu, especialmente na Itália, de que estava sendo um público muito relevante”, afirma Maurício Okubo, neto do fundador Julio Okubo, e atual CEO do Grupo Okubo.
A marca voltada ao público masculino deve fechar o ano com um faturamento de R$ 3,5 milhões, cerca de 5% a 7% do faturamento total do grupo. O maior sucesso da Okubo Men é a coleção Ayrton Senna, lançada em quatro etapas entre agosto e novembro deste ano. “O Senna é o maior ídolo do esporte brasileiro e está muito em alta por ser 30 anos de sua morte, e pela série da Netflix que contará a sua história”, afirma o empreendedor de 41 anos.
Segundo Maurício, a proposta da parceria partiu da Senna Brands. “Na primeira reunião já entendemos que a família Okubo tem valores parecidos com os do Senna, e que foram inspiradores para as histórias da população. Ele representou muita determinação e disciplina nas pistas, mas também uma pessoa que queria transformar o Brasil por meio da educação”, afirma. Até o momento já foram vendidas 300 peças da coleção.
Negócio de família
A família Okubo está no Brasil há 99 anos, e a bisavó de Maurício vendia pérolas importadas do Japão. “Meu avô, o seu Júlio, começou a participar do negócio alguns anos depois. Ele trouxe a arte da ourivesaria — o trabalho mais artesanal da joalheria como conhecemos hoje. Eles trabalharam juntos por 27 anos até que, em 1965, ele seguiu o caminho solo e fundou a Julio Okubo com a minha avó”, diz.
A empresa começou com uma oficina e uma loja de rua, na capital paulista. A partir dos anos 1980, os pais de Maurício assumiram a gestão e o negócio se expandiu por lojas em shoppings no estado de São Paulo. O pai, que também se chama Julio Okubo, continua no empreendimento, focando na fabricação das joias.
Maurício assumiu o papel de executivo em tempo integral na Julio Okubo em 2011, com um desafio: “Todas as joalherias mais tradicionais, que passam de geração em geração, precisam saber equilibrar tradição e inovação. Como olhar para um novo público sem deixar de lado os clientes que acompanham há tantos anos?”.
Uma das estratégias foi lançar a marca Joy, há cinco anos, para oferecer uma linha de joias feitas de prata. “Tradicionalmente as joias são feitas de ouro, mas o mercado passou por uma mudança nos últimos anos que passou a incluir outros materiais, especialmente a prata, como um item de joia também”, diz o CEO. “Decidimos criar uma nova marca, com um design mais contemporâneo e um preço mais baixo. Conseguimos nos comunicar com um público mais jovem.”
Atualmente, a Joy representa entre 5% e 10% do faturamento do Grupo Okubo — dependendo do momento de lançamento e das campanhas de divulgação.
A empresa também percebeu que os homens estavam mais interessados em consumir joias. Até então, a Julio Okubo oferecia relógios voltados ao público masculino e poucas joias para homens — que não eram um ponto de atenção para a empresa. Acompanhando a tendência de o homem se preocupar com o visual, Maurício decidiu criar o Okubo Men, que também tem Brau Reges como sócio e cofundador. A primeira coleção foi lançada em novembro de 2023, em parceria com Bruno van Enck e a Barbearia Corleone.
Segundo o empreendedor, as vendas deram certo desde o início dentro dos próprios canais da Julio Okubo. “Hoje entendemos que uma marca forte que tem potencial para ter uma loja separada da Julio Okubo em algum momento”, diz Maurício.
Atualmente, a empresa tem seis lojas próprias. Os produtos também são vendidos por lojas de parceiros em cidades como Curitiba, Manaus, Aracaju, Florianópolis e Fortaleza. “Como temos uma produção muito artesanal, optamos por manter o negócio em uma escala não tão grande. É importante ter uma relação próxima com os nossos colaboradores e nossos clientes, então não queremos ter muitas lojas próprias”, afirma o empreendedor, acrescentando que a prioridade é aumentar as vendas por meio de parceiros — inclusive internacionais.
O empreendimento também pretende continuar com a parceria com a Senna Brands, e ter uma coleção perene em homenagem ao automobilista com eventuais lançamentos. “O processo criativo envolve uma imersão muito profunda na história do Ayrton, que vai muito além das pistas, e podemos usar tudo isso para criar joias.”
*Carina Brito para Pequenas Empresas & Grandes Negócios