A estratégia poderá proporcionar sinergias de custos ao conglomerado de luxo francês e oferecer à Zenith um caminho de crescimento
O grupo francês de luxo, LVMH, planeja aumentar a produção de sua marca Zenith para fornecer movimentos para os relógios de todas as marcas pertencentes à sua divisão de relojoaria. “Acreditamos que podemos ir além da marca e desenvolvê-la como produtora de movimentos para o grupo”, declarou Frédéric Arnault, que dirige a unidade de relógios da LVMH.
A estratégia da Zenith para aumentar a produção de movimentos, o coração mecânico de um relógio, sugere que a LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton SE pretende expandir as suas capacidades relojoeiras suíças internamente, em vez de adquirir fabricantes de componentes. Conhecida pelo cronógrafo “El Primero”, a Zenith já produz alguns movimentos para a marca Hublot da LVMH e já os forneceu anteriormente à TAG Heuer.
A criação de movimentos mecânicos é um componente crítico e caro da relojoaria industrial moderna e a Zenith tem uma longa história na produção de movimentos de alta qualidade. O aumento da produção poderia proporcionar sinergias de custos à LVMH e oferecer à Zenith um caminho de crescimento em um momento de queda da demanda por relógios de luxo.
“Nosso objetivo é nos tornarmos um player industrial no setor para nossas marcas”, disse Arnault, um dos cinco filhos do bilionário fundador da LVMH, Bernard Arnault, após um evento na fábrica da Bulgari em Saignelégier, na Suíça.
Frédéric, que assumiu o cargo recém-criado de head da divisão de relógios em janeiro, disse que o grupo não apresentou propostas para nenhuma atividade de relojoaria colocada à venda pela Swiss Sandoz Family Foundation. Esses ativos incluíam o fabricante de movimentos Vaucher Manufacturer Fleurier e a marca Parmigiani Fleurier.
“Não estamos interessados e não fizemos nenhuma oferta”, disse Arnault, de 30 anos. A Vaucher fornece componentes para grandes marcas suíças, incluindo Audemars Piguet, e modelos premium de marcas da LVMH, como a TAG Heuer.
A rival da LVMH, Hermès International SCA, detém uma participação de 25% na Vaucher e tem o direito de preferência em qualquer oferta de aquisição. A falta de interesse da LVMH pode colocar a Hermès na pole position para adquirir a Vaucher e quaisquer outros ativos relojoeiros oferecidos pela Sandoz Family Foundation na venda, que está sendo gerenciada pela Deloitte.
Um representante da Hermès não quis comentar sobre os ativos da Sandoz. No mês passado, o diretor financeiro Eric du Halgouet disse a jornalistas que a fabricante das bolsas “Birkin” continuava monitorando Vaucher.
As marcas de joias Bulgari e Tiffany, da LVMH, também produzem relógios, assim como a marca Louis Vuitton, sob a liderança do irmão mais novo de Frédéric Arnault, Jean, que recentemente relançou as marcas Daniel Roth e Gerald Genta.
A LVMH está atrás dos rivais Richemont e Swatch Group AG na produção e vendas de relógios, estimam analistas. A Rolex é a maior relojoeira da Suíça e fabrica mais de um milhão de relógios por ano, com vendas de mais de 10 bilhões de francos (11,3 bilhões de dólares), segundo o Morgan Stanley e a LuxeConsult.
“É interessante ver que apesar de ter uma pequena presença em relógios Swiss Made, a LVMH está investindo em movimentos”, disse Luca Solca, analista da Bernstein. “Parece um sinal de que eles estão falando sério” e que podem aumentar o negócio de relógios da Tiffany, “que é insignificante hoje”, disse ele.
Fonte: FashionNetwork.com e Bloomberg
