Uma das maiores estrelas da ópera da história, Maria Callas viveu uma vida repleta de drama e elegância, sempre adornada com muitas joias
Por Francesa Fearon*
Maria Callas, filha de imigrantes gregos nascida em Nova York, superou sua origem humilde para estrear profissionalmente em 1941. Em menos de dez anos, já se apresentava nos maiores teatros de ópera do mundo, imortalizando papéis icônicos em Tosca, de Puccini, Norma, de Bellini, e La Traviata, de Verdi.
As joias desempenharam um papel essencial na criação de sua persona de diva glamorosa durante sua ascensão à fama. Registros de arquivo a mostram usando peças deslumbrantes de rubis, esmeraldas e diamantes em suas apresentações, além de fios de colares de pérolas em entrevistas. Sofisticadas e escolhidas por sua elegância e impacto dramático, essas joias refletiam a opulência e a grandiosidade que Callas personificava dentro e fora dos palcos.
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“Ela [Callas] passou de uma jovem acima do peso, cantando 300 anos de repertório operístico, a um ícone de elegância e beleza”, disse Stefano Papi, coautor de 20th-Century Jewelry & the Icons of Style.
Muitas de suas joias foram presentes de seu marido, Giovanni Battista Meneghini, um rico industrial 28 anos mais velho, com quem se casou em 1949. Após sua triunfante apresentação em Medea no La Scala, em 1953, ele lhe presenteou com um conjunto de rubis e diamantes da Faraone, em Milão, joias que, segundo rumores, teriam sido criadas por Harry Winston.
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Uma réplica do colar aparece no filme Maria, de Pablo Larraín, estrelado por Angelina Jolie, que revive La Divina, como era carinhosamente chamada por seus inúmeros fãs. O filme traz de volta aos holofotes os últimos anos da tempestuosa e deslumbrante estrela da ópera, que faleceu aos 53 anos, solitária em seu apartamento em Paris, com o coração partido.
Jolie usou alguns broches da Cartier que pertenceram a Callas tanto no filme quanto na estreia em Cannes. “Foi muito emocionante usar uma joia da Cartier que ela possuía” disse Jolie. “Ter joias de tanta qualidade em cena parecia especial e adequado para Maria. Ela era uma mulher extremamente elegante.”
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À medida que o status icônico e a riqueza de Callas cresciam, sua coleção de joias também se expandia. Em 1955, Meneghini lhe presenteou com um colar de esmeraldas e diamantes, além de um anel com uma esmeralda de 37,56 quilates. Callas usava peças da Cartier e Harry Winston, mas, ao deixar o marido em 1959 para ficar com Aristotle Onassis, o magnata da navegação a presenteou generosamente com joias da Van Cleef & Arpels. Durante o relacionamento, em 1967, ela encomendou da Van Cleef um broche de platina Five Leaf, adornado com seis rubis birmaneses e diamantes, que usou preso ao ombro em diversas aparições públicas.
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Após sua morte em 1977, o paradeiro de suas joias permaneceu um mistério até que algumas peças surgiram em um leilão da Sotheby’s em 2004, com o vendedor optando por permanecer anônimo. Sempre houve especulações sobre quem herdou parte dessas joias. No entanto, hoje sabemos que a Cartier adquiriu algumas delas.
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*Francesa Fearon para The Jewellery Editor