Relatório ‘True Luxury Global’ do Boston Consulting Group reúne dados sobre a retomada do setor
Por Manu Berger
Durante toda a passagem deste ano, nos reerguendo e adaptando em uma nova fase de mercado e estrutura de consumo pós-pandemia, um dos maiores questionamentos trazidos até mim é se, mesmo diante de tudo isso, o mercado de luxo ainda não enfrentaria uma crise, conceito trazido de décadas, como se o segmento de alto padrão pulasse esses desafios.
Fato é que nenhum mercado está fora do alcance de uma crise mundial como a que estamos vivendo, porém, uma palavra nunca saiu de meus argumentos: a resiliência que esse nicho trouxe em anos de atuação e como se manteve forte na tradição de enfrentar diferentes momentos.
Com a retomada do comércio, muito se discutiu sobre a nova forma de consumo e sobre a busca de valores do consumidor, que mudaria completamente a trajetória de posicionamento de marcas. Mas o mercado de luxo se sustenta, em um dos seus pilares, na tradição, o que aumenta em muito o seu potencial.
E essa minha concepção só se confirma após a divulgação do relatório True Luxury Global, do Boston Consulting Group (BCG). Entre março e abril de 2021, foram consultados 12 mil consumidores dos principais países do mundo (Estados Unidos, China, Japão, Coreia do Sul, Brasil, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Rússia) que tenham um gasto médio de cerca de 33.000 euros por ano.
Nesse estudo, foram separados os tipos de bens de consumo em duas categorias: luxo pessoal, como joias, roupas, acessórios e cosméticos, e luxo de experiências, como viagens e gastronomia.
Mesmo mostrando que a pandemia fez o mercado de luxo recuar em 40% no ano de 2020, deixando de faturar bilhões, o segmento retomou com uma recuperação entre 41% e 50% em relação ao mesmo período do ano passado, visando um crescimento de 30% no luxo pessoal e de até 80% no luxo de experiências.
Claro que, ainda assim, não podemos tornar um comparativo suficiente para os níveis do mercado de antes da pandemia, porém a recuperação deve se firmar já em 2022 com um crescimento de 5% em relação ao ano de 2019, atingindo mais de 1 trilhão de euros em faturamento.
O fator de curiosidade nesse estudo fica por conta do perfil de consumidor, já que os millennials e geração Z serão os responsáveis por essa recuperação, somando mais de 60% até o ano de 2025.
Por fim, o BCG conclui que muito do retorno positivo, ainda em 2021, se deve ao desejo reprimido que se alastrou durante o período de isolamento social.
Manu Berger é especialista em mercado de luxo, mentora empresarial, CEO do portal Terapia do Luxo e diretora da TdL Agency.