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Nelson Kaufman reassume a Vivara após 13 anos para torná-la global

Nelson Kaufman reassume a Vivara após 13 anos para torná-la global

Nelson Kaufman reassume a Vivara após 13 anos para torná-la global

Fundador é novo CEO da rede de joalherias, com plano de internacionalização

Por Maria Luíza Filgueiras e Manuela Tecchio *

Nelson Kaufman, fundador da Vivara: go global — Foto: Divulgação

Aos 71 anos, Nelson Kaufman está calçando as chuteiras. O fundador da Vivara, que deixou oficialmente o comando da companhia há 13 anos, reassume como CEO. Retornos de fundadores costumam acontecer como medida de emergência quando uma companhia não está com bom desempenho – mas esse não é o caso da Vivara. O fundador está de volta, com mais energia do que nunca, para levar a rentável companhia à próxima fase: quer a Vivara internacional.

O Brasil tem 2% do mercado de joias do mundo, tem espaço para crescer aqui mas tem muito espaço lá fora também. A Vivara é uma empresa verticalizada, uma marca forte no Brasil que criou o luxo acessível, a democratização da joia, e tenho esse desejo de expandir para outros mercados, internacionalizar”, conta Kaufman ao Pipeline.

O tema já vinha sendo discutido no grupo de controle composto por membros da família. O entendimento é que a empresa ganhou maturidade para isso e que o fundador é o melhor nome para dar velocidade a essa etapa. “É transformacional para a companhia”. A mudança foi aprovada na sexta (15) em reunião do conselho.

Kaufman não abre detalhes do modelo que levar para o mercado internacional, mas dá a deixa de que não é por M&A. “A gente tem a concorrência sempre de olho, então não podemos falar dessa construção de estratégia. Mas é a Vivara que vai para o exterior, não adianta ficar olhando outras. Eu prefiro uma marca muito boa do que 10 que não consigo olhar direito”.

Quando encerrou seu primeiro ciclo na operação da Vivara, o empresário foi sucedido pelo filho Márcio Kaufman por 10 anos e pelo sobrinho Paulo Kruglensky nos últimos três anos. Kaufman tinha saído da Vivara, mas a Vivara não saiu dele. “Eu sou apaixonado por joia. É uma paixão que herdei do meu pai.”

Imigrante que trouxe a família para o Brasil quando os filhos ainda eram pequenos, o pai era “um homem muito simpático e agradável, mas com pouco estudo”, conta. Apesar de ourives dedicado, a consequência da baixa escolaridade era uma montanha-russa financeira. “Na minha infância, eu morava numa casa de 500 m2 em frente a Hebraica e um ano depois no apartamento de um zelador em São Vicente”.

Kaufman conseguiu entrar na faculdade de engenharia, chegou a trabalhar numa construtora paulista, mas foi ajudar o pai a equilibrar os negócios. Seu David era dono de duas lojinhas de galeria no centro de São Paulo – a Joalheria Florença, num espaço de 2 por 10, e a Ipeúna, de 2 por 5. “Eu assumi a segunda, que era do tamanho de uma mesa.”

Com a barriga no balcão, ele não entendia nada de vendas, mas sim de números. Foi buscar respaldo nos livros – o que também fez mais tarde, para aprender a ser gestor. “Engenheiro é bom de matemática, não de gente. Li muito livro de psicologia ao longo dos anos”.

A lojinha engrenou, passou a do pai em vendas, e Kaufman abriu a terceira unidade também no centro, aí dando início ao que seria a Vivara. Sete anos depois, abriu a quarta loja, no Shopping Interlagos. “Depois foi virando uma inauguração a cada cinco anos, a cada dois, duas a cada ano… e, no ano passado, abrimos 60 lojas”. A projeção é algo entre 70 e 80 neste ano.

A Vivara tem hoje cerca de 400 lojas no país e vale em bolsa R$ 7,5 bilhões. A companhia divulga resultado do quarto trimestre na semana que vem. De janeiro a setembro do ano passado, a receita líquida aumentou 17%, para R$ 1,4 bilhão, e o lucro líquido subiu 11%, a R$ 225 milhões.

Na sexta (15), o Bank of America listou a joalheria como uma forte candidata a compor o Ibovespa na próxima revisão do índice, que passa a valer em 6 de maio. Em relatório sobre a companhia, o banco citou “execução acima do previsto” e inaugurações em ritmo mais acelerado do que as projeções iniciais ao ajustar para cima o preço-alvo da ação.

Depois que a Vivara publicou a prévia de seu quarto trimestre, o J.P. Morgan também reforçou a recomendação de compra da ação. “A Vivara continua a se distanciar das tendências mais amplas para as varejistas, incluindo as de alta renda”, escreveu o banco à época.

Kaufman quer mais. “Tenho o sonho de a Vivara ser uma das maiores companhias do mundo no setor. Passei um tempo na Europa, nos Estados Unidos, e o que eu mais faço é visitar joalherias. Eu curti, mas estava com muita vontade de voltar oficialmente”, diz o empresário. “Estou alegre como uma criança.”

*Maria Luíza Filgueiras e Manuela Tecchio para Pipeline – Valor

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