Adornados com esmeraldas e diamantes, os preciosos acessórios do século 17 podem chegar a R$ 18,3 milhões em leilão no próximo dia 27
Por Erica Mendes
Imagine óculos com lentes de esmeraldas e outro com armação de diamantes…sim, eles existem e vão à leilão no dia 27 deste mês pela Sotheby´s, que espera arrecadar cerca de R$ 18,3 milhões.
As joias são do século 17 e pertenceram à realeza do Império Mongol em uma época em que a riqueza imperial, o conhecimento científico e a produção artística atingiram o seu auge simultaneamente.
Batizado de ‘Portão do Paraíso’, o modelo com lentes de esmeralda em forma de gota, com armação cravejada de diamantes, tem a gema originada de uma única esmeralda colombiana, que pesava pelo menos trezentos quilates e foram moldadas para 27cts. O chanfro das esmeraldas foi precisamente angulado para manter a intensidade da cor na armação. Por volta de 1890, as lentes foram colocadas em novas armações, decoradas com diamantes em talhe rosa.
Já a peça com lentes transparentes é chamada de ‘Halo de Luz’, pela qualidade extrema de seus diamantes e a habilidosa lapidação que mantem a transparência, irradiando uma chuva de luz nas bordas.
Se hoje as lentes comuns funcionam apenas para melhorar a visão, na mitologia esses ‘filtros’ preciosos auxiliavam na espiritualidade: os diamantes iluminavam e as esmeraldas tinham poderes milagrosos para curar e afastar o mal. A evocação mais famosa de tais óculos podem ser encontrada em ‘História Natural’, do naturalista romano Plínio, o Velho.
Ambas as obras-primas foram encomendas por um príncipe desconhecido do Império Mongol, dinastia que governou a maior parte da Índia e do Paquistão nos séculos 16 e 17. O artista moldou um único diamante – possivelmente o maior já encontrado nas minas da Golconda, no sul da Índia – que pesava mais de duzentos quilates, e agora tem 25 cts.
“Essas preciosidades extraordinárias reúnem o domínio técnico do lapidador, a genialidade do artista e a excepcional visão estética de um patrono que encomendou dois pares de óculos completamente diferentes de tudo o que já foi visto antes. Eles são, sem dúvida, uma maravilha para gemólogos e historiadores, e é uma verdadeira emoção ser capaz de trazer esses tesouros à luz e oferecer ao mundo a oportunidade de se maravilhar com seu brilho e o mistério por trás de sua criação”, falou Edward Gibbs, presidente da Sotheby’s do Oriente Médio e Índia, em comunicado à imprensa.