A designer saiu do mundo corporativo para se dedicar à arte

sob fotos de Nicolas Calligaro e Paula Panachão
Por Malu Mões
Paula Panachão chamou a atenção na capital paulista ao criar joias a partir da cerâmica, com detalhes em ouro 18k. “Comecei a brincar com argila. Nunca consegui fazer um pratinho. Toda vez saía um colar, um brinco, um anel, alguma peça para colocar no corpo. Então, eu juntei a joalheria que eu gosto tanto com a cerâmica, que me encanta. Eu amo trabalhos pequenos e delicados, que exigem muita precisão. Sempre me fascinou”, conta.
A designer passou os últimos 20 anos trabalhando no mundo corporativo. Mas, no ano passado, decidiu se dedicar à arte. “Comecei a fazer peças para o meu próprio uso. Não sabia que era tão inusitado. Mas as pessoas começaram a se interessar e a perguntar se eu venderia”. O que começou como hobby acabou se transformando em negócio. “Sendo um negócio ou não, não me importa. Eu faria isso para o resto da minha vida.”
Nesse processo de autoconhecimento e mudança de rota profissional, Paula recebeu o diagnóstico de um câncer de mama. “É um câncer superagressivo, super rápido, super confuso, desordenado. Eu ia ter que rever minhas decisões. De certa forma, sinto que o câncer me salvou. É um momento de dizer não para muita coisa. E dizer sim para o que realmente importa”.
Foi então que ela mergulhou de vez na arte. O processo de criação tornou-se uma forma de lidar com o que sentia — “de pôr para fora aquilo que estava lá dentro há muito tempo, precisando sair”.Uma de suas joias favoritas, o colar Duna — em formato de uma folha dobrada — nasceu dessa redescoberta de si mesma como artista: “para que a gente descubra que existem formas de escapar um pouco de algumas dores do momento”.
*Malu Mões para coluna Alice Ferraz em Estadão