A passos certeiros, a Sauer assina uma colaboração com Jason Wu e se prepara para abrir uma loja na Avenida Madison, em Nova York
Por Alice Coy*
Quem apresentou a Sauer para o estilista Jason Wu foi a atriz Diane Kruger. Os dois são próximos (ele a veste com frequência para tapetes vermelhos) e foi justamente em uma dessas ocasiões que ela, fã da marca, mostrou a ele a grife de joias brasileira. Wu gostou tanto das peças que enviou, ele mesmo, através do perfil no Instagram da sua marca homônima, uma mensagem para a Sauer. O que ele não imaginava é que, do outro lado, era também Stephanie Wenk, diretora criativa da Sauer, quem digitava. “Claro, eu não respondo a todas, mas aconteceu que vi a mensagem”, diz a carioca. “Mais tarde, quando a gente descobriu isso, demos risada. Nenhum de nós achou que estava falando diretamente com o outro”, conta.
O resultado dessa troca é uma coleção de joias desenvolvida a quatro mãos que desembarca nas lojas e no e-commerce da Sauer este mês (Wu vem ao país exclusivamente para o lançamento). Sete modelos entre brincos, colares e broches feitos em ouro amarelo e diamantes, inspirados em galhos e folhas, fazem parte da collab. A princípio as peças não seriam comercializadas, haviam sido pensadas apenas para o desfile que a grife americana apresentou na semana de moda de Nova York em fevereiro. Porém, à medida que as fotos foram divulgadas, clientes se interessaram e as marcas decidiram produzi-las para venda, mas não sem antes adaptar detalhes para garantir conforto e usabilidade. “Originalmente fizemos para a passarela mesmo, então os brincos, por exemplo, pesavam três vezes mais do que deveriam. É um enorme luxo poder trabalhar assim, desenvolver algo pela vontade genuína de dois designers em colaborar, e não visando um lucro final”, diz a diretora criativa carioca. “Esse projeto nasceu de maneira orgânica graças à minha amizade com a Stephanie. Eu uso as peças da Sauer com frequência, tenho um brinco de pérola e diamante que se tornou parte do meu uniforme diário. Estou orgulhoso da coleção que fizemos juntos”, completa Jason.
Alinhada ao lançamento dessa colaboração, a Sauer vive um ótimo momento internacional. Abre no segundo semestre uma loja na Avenida Madison, em Nova York, o primeiro ponto próprio nos Estados Unidos em 83 anos de história. A grife é, desde 2020, uma das marcas mais vendidas de joias no e-commerce Moda Operandi e pode ser encontrada em 18 endereços físicos e digitais pelos EUA e pela Europa. Todos muito selecionados, já que não faz parte da estratégia crescer a qualquer custo, e sim expandir com coerência. No Brasil, acaba de reinaugurar a primeira loja da joalheria, no Edifício Chopin na Avenida Atlântica, originalmente aberta em 1956.O espaço passa a abrigar, no segundo andar, um recorte da coleção de gemas e minerais da família Sauer, que antes ficava em um museu na Rua Garcia d’Ávila, em Ipanema. Entre as preciosidades estão a maior alexandrita bruta do mundo (recorde que está registrado no Guinness Book) e gemas como águas-marinhas e rubelitas com quilatagem, cor e qualidade excepcional. “Às vezes, as pessoas podem sentir uma barreira para entrar em uma joalheria, e isso é uma pena. Essa é uma maneira de atrair para a loja não só quem pode ou quer comprar uma joia, como também quem quer admirar e aprender. Espero que um estudante, ou um entusiasta da gemologia vá até lá, visite, veja esses brutos. Sempre acreditamos muito nisso.”
Essa paixão pelos minerais, afinal, começou com Jules Sauer, fundador da casa que, ao longo de sua vida, acumulou gemas, não como uma estratégia de negócios, mas pelo prazer de colecionar. A sorte é que esse entusiasmo segue vibrando em seus sucessores.
*Alice Coy para Vogue
