Com a reforma, a unidade da Quinta Avenida passa a ser a maior loja do universo do luxo do mundo
Após quatro anos fechada para reforma, a Tiffany reabriu sua famosa loja da da Quinta Avenida, em Nova Iorque que, desde 1940, é um dos endereços mais visitados da cidade.
A joalheria, que desde 2021 faz parte do conglomerado de luxo LVMH, agora tem os pés bem fincados no século XXI, mas sem abrir mão de marcos históricos essenciais, contou o CEO global da marca, Anthony Ledru, em uma entrevista ao Jornal O Globo.
O estabelecimento deixou de ser uma loja conceito para se tornar uma atração capaz de dobrar o resultado daquela que já é sua unidade número 1 em vendas. “É possível ter lojas conceito em vários lugares do mundo. Já um marco está atrelado ao endereço histórico onde nasceu. É um marco de Nova York, como a Estátua da Liberdade, o Rockfeller Center. Esta semana, homenageamos o (arquiteto) Peter Marino. Havia clientes novaiorquinos muito importantes, famílias cujos nomes não posso abrir, talvez alguns dos mais ricos clientes potencialmente. Eles entendem o conceito de marco porque cresceram com ele. Estiveram lá quando crianças, ao se tornarem pais e depois com os netos” explicou Ledru.
“Nosso fundador (Charles L. Tiffany) ajudou a financiar a construção da Estátua da Liberdade, era apoiador do Metropolitan. É parte da cultura americana, da vida dos presidentes, da indústria do cinema, dos esportes”.
Marino é o arquiteto por trás do projeto que conecta o legado da marca criada em 1837, a tradição da loja de 1940, e uma boa dose de contemporaneidade e alto luxo. Ele assina a reforma da loja da Dior, outra marca do LVMH, na sofisticada Avenue Montaigne, em Paris, e que foi reaberta no ano passado.
É estratégia que vem permeando movimentos do grupo. Trata-se de uma fórmula que permite manter a clientela tradicional e leal, sobretudo via novos serviços classe A, parcerias com artistas e alcançar os mais jovens.
A reforma
A joalheria não divulgou o investimento milionário da renovação da loja que hoje é a maior do universo do luxo no mundo: são dez mil metros quadrados em dez andares. De acordo com Ledru, o espaço abriga 400 profissionais de vendas, em um ambiente com áreas reservadas, espaços para que os clientes possam se sentar e serviço personalizado.
A fachada do prédio, famosa pelas imagens de “Bonequinha de luxo”, filme de 1961 e estrelado por Audrey Hepburn, está preservada. As mudanças internas, porém, trazem uma nova experiência a clientes e visitantes.
No térreo, há grandes telas laterais exibindo imagens de Nova York. E um “espelho mágico” que vai permitir observar artistas da marca trabalhando na oficina.
É também onde estará o Diamante Tiffany. O raro diamante amarelo, com 128,54 quilates, adquirido em 1877 e usada por apenas quatro mulheres, incluindo Audrey em cena, ganhou nova apresentação. Segue em um colar, mas envolto por uma revoada de pássaros, uma das marcas de Jean Schlumberger, um dos maiores designers da Tiffany.
No topo, um andar exclusivo. Sequer tem acesso visível no piso de entrada. É exclusivo a convidados. Tem 700m², com vista para o Central Park, salas privativas, como uma dedicada ao Blue Book, a seleção de alta joalheria com peças únicas que a Tiffany lança anualmente.
Cenário econômico não assusta
Apesar dos atuais desafios econômicos, Ledru se mantém confiante: “Há mudanças e fatos que não podemos controlar. Mas até agora tudo bem. Pelos resultados do LVMH tivemos um bom primeiro trimestre. E também estamos com desempenho muito bom no Brasil, com crescimento de dois dígitos. Com os turistas voltando a Nova York, o que é visível, acredito que seremos bem-sucedidos. Queremos voltar a ser um dos top 5 destinos da cidade”.
Prova de que mesmo em tempos de crise, a renda dos mais ricos segue preservada, de janeiro a março, o grupo LVMH teve receita recorde de € 21 bilhões, alta de 17% ante igual período de 2022. No segmento de relógios e joias, em que estão marcas como Bulgari, além da Tiffany, o crescimento foi de 11%.
“O investimento feito na Tiffany da Quinta Avenida mostra que nos planejamos para os próximos dez, 20, 50 anos. É o que estamos fazendo. No curto prazo, estamos sendo cautelosos. Mas no longo, estamos muito confiantes”, finalizou o executivo.
*Com informações de O Globo e Inteligência Financeira