Especialistas consideram que as ações possuem capacidade de oferecerem retornos assimétricos
Por Ricardo Bomfim
Bastante prejudicados pelo fechamento do comércio como medida para impedir a proliferação do coronavírus, os setores de varejo e shopping centers começam a atrair investidores com promessas de uma recuperação robusta da economia e de uma valorização acima da média do mercado por conta do tamanho da queda durante a crise.
Em live nesta sexta-feira (19) os analistas Aline Cardoso, da Trafalgar Investimentos, Brunno Donadio, da Equitas, Pedro Fagundes e Bruna Pezzin, ambos da XP Investimentos, destacaram quais empresas estão em melhores condições para gerarem valor a seus acionistas neste período.
Donadio ressalta que os players menores e com menos acesso a capital vão sofrer. “Acaba tendo uma consolidação forçada no setor porque as companhias maiores e mais bem posicionadas ampliarão as vantagens competitivas sobre as menores”, explica.
E quem está bem posicionado, na opinião dele, é quem já tinha atuação no e-commerce e não se apegava a modelos de negócio antiquados como os shoppings a céu aberto ou aqueles que não são comumente utilizados para passeio.
Especificamente no setor de administradoras de shoppings, Bruna Pezzin afirma ter uma visão construtiva porque o setor de shoppings permite uma adaptabilidade às mudanças que estão acontecendo. “O setor fornece algum grau de resiliência e ficou para trás na Bolsa em relação à média”, conta.
Para ela, dentro do segmento as ações mais atrativas são a da Iguatemi (IGTA3) por uma combinação de portfolio de qualidade mais alta e Multiplan (MULT3), que historicamente tem resistido melhor que os concorrentes do setor e possui o melhor preço por metro quadrado do setor.
Já Aline Cardoso lembra que tanto as vendas no varejo como o Relatório de Emprego dos Estados Unidos de maio mostraram números mais fortes do que o esperado, o que torna os investidores mais otimistas.
Ela considera que as empresas do varejo mais bem estruturadas nesse ponto são B2W (BTOW3) e Magazine Luiza (MGLU3), que além de fortes no e-commerce ainda se beneficiam de marketplaces bem estruturados em uma época na qual pequenos lojistas estão perdendo o medo de colocarem suas mercadorias à venda nessas plataformas.
Pedro Fagundes destaca ainda que a B2W está com bons projetos de venda de itens de supermercado e um aplicativo com navegabilidade muito boa.
Donadio, por sua vez, exalta a ViaVarejo (VVAR3) por estar com múltiplos descontados em relação às concorrentes e por ter uma diretoria bastante empenhada no processo de turnaround. “O portfolio de marca é muito forte e ela foi muito mal gerida por muito tempo.”
Outra empresa que chama a atenção dos analistas é a Vivara (VIVA3), uma vez que a empresa viu suas ações se desvalorizarem muito durante a crise, mas que possui diversas vantagens pelo ramo de atuação.
“A Vivara pode derreter o ouro e fazer uma nova joia se uma coleção não vender, é bem diferente de outros segmentos do varejo”, explica Aline.
Fonte: XP Investimentos