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Relógios IWC usam cerâmica do setor espacial em nova linha

Relógios IWC usam cerâmica do setor espacial em nova linha

Relógios IWC usam cerâmica do setor espacial em nova linha

Parceria entre empresa suíça e centro de pesquisa alemão inaugura uso de material inovador para caixas de relógio e sistemas de satélites

IWC Schaffhausen usará tecnologia espacial para a caixa dos novos modelos de relógios. (IWC Schaffhausen/Divulgação)

Por Fernando Olivieri*

A fabricante suíça de relógios de luxo IWC Schaffhausen anunciou, em colaboração com o Centro Aeroespacial Alemão (DLR), o desenvolvimento de uma cerâmica reforçada com fibra para a criação de caixas de relógios e possíveis aplicações no espaço. A novidade representa um avanço no uso de compósitos de matriz cerâmica (CMC), que se destacam pela alta resistência e tolerância a choques térmicos.

Essa parceria, iniciada em 2013, explora a resistência do material que une a durabilidade da cerâmica tradicional com a robustez dos materiais compósitos. O CMC desenvolvido combina dureza e resistência a riscos com alta resistência a danos, caracterizando-se por suportar variações extremas de temperatura. Inicialmente, a tecnologia foi aplicada a componentes de foguetes e veículos espaciais, e agora encontrou uma nova utilidade no setor de relógios de luxo.

Expansão de possibilidades no setor espacial

No evento realizado nas instalações do DLR em Stuttgart, Alemanha, representantes da IWC e do centro de pesquisa explicaram o processo detalhado de fabricação das caixas de relógios em CMC. O material é produzido a partir de um polímero reforçado com fibra de carbono que passa por etapas complexas de transformação. A primeira etapa envolve o corte e a infiltração das fibras com resina, seguidas pela pirólise em alta temperatura, que converte a matriz polimérica em matriz de carbono. Posteriormente, o material recebe uma infusão de silício, resultando numa matriz de carbeto de silício, o que confere ao relógio uma resistência de aproximadamente 2400 Vickers.

O desenvolvimento dessa tecnologia não apenas aprimora a fabricação de relógios, mas também abre novas possibilidades para o DLR no desenvolvimento de sistemas de propulsão para satélites. A experiência adquirida na criação de componentes em menor escala permite ao DLR adaptar sua tecnologia para novas aplicações, fortalecendo seu papel no avanço da tecnologia espacial.

Durante o evento, os participantes puderam conhecer mais sobre o relógio Big Pilot AMG G 63, lançado pela IWC em 2023, que representa o primeiro modelo a incorporar o compósito cerâmico. O design do relógio, inspirado nos veículos da Mercedes AMG, destaca a aparência fosca e única da cerâmica, evidenciando o trabalho artesanal envolvido na sua criação.

Potencial do CMC no mercado de relógios

O uso da cerâmica reforçada com fibra no setor de relógios de luxo oferece uma alternativa atrativa aos materiais convencionais, permitindo a criação de produtos com maior resistência a choques e danos. Com a expertise da IWC Schaffhausen em cerâmicas, a empresa tem buscado diversificar o uso de materiais avançados em seus produtos desde os anos 1980, como no caso da cerâmica de óxido de zircônio.

Além disso, o sucesso da colaboração com o DLR reforça a importância das parcerias entre indústrias de diferentes setores, promovendo a transferência de conhecimento e incentivando a inovação em áreas como aeronáutica e exploração espacial. Para o DLR, que já utiliza o CMC em outros componentes aeroespaciais, a parceria com a IWC permitiu que o centro explorasse o uso desse material em uma escala menor e com novas formas, atendendo demandas específicas para o setor de relógios.

A DLR, por sua vez, destacou que essa iniciativa contribui para a economia sustentável e para a expansão das aplicações aeroespaciais da Alemanha, através de seus 54 institutos e instalações de pesquisa. A expertise da DLR na exploração de tecnologias avançadas se alinha com os objetivos da IWC de inovar no setor de relógios, resultando numa sinergia entre o design de produtos de luxo e as exigências de resistência e durabilidade típicas das aplicações aeroespaciais.

*Fernando Olivieri para Exame

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