A nova geração do milênio tem se mostrado menos tolerante quanto à extração
Débora Rodrigues
A joalheria ética está longe de ser uma tendência hippie e apenas uma nova onda. Efetivamente, cada vez mais ela precisa ser vista como uma revolução no setor joalheiro. A geração do milênio tem se mostrado diferente das demais quando se trata de algumas das tendências mais antiéticas e ambientalmente destrutivas ou mesmo perigosas que o nosso planeta enfrenta no século XXI.
O filme Diamante de Sangue, de 2006, lançou uma luz dramática dando uma noção ao mundo do que são os de diamantes de conflito, os abusos dos direitos humanos, viver em condições de trabalho inseguras e instabilidade econômica. Longe de se afastar dessa encenação dramatizada de eventos em terras distantes, os impactos da produção de diamantes antiéticos podem ser remediados muito mais perto de casa, e podem ser a próxima fronteira na batalha da geração do milênio para a sustentabilidade.
Para essa nova geração, ser ético não deveria ter que ser um complemento opcional. O pensamento que entra na compra de jóias de qualquer tipo, e especialmente um anel de noivado, requer um nível de consideração e emoção além da sua transação de varejo.
Muitas vezes, as pessoas levam semanas ou meses de pesquisa para encontrar o presente perfeito para uma ocasião tão especial. Não há mais dificuldade, falta de tempo, preço ou algo significante que impeça alguém de se aprofundar um pouco mais para descobrir onde e como o anel escolhido começou sua jornada também.
Muitos joalheiros têm afirmado ser eticamente motivados a trabalhar com diamantes e ouro éticos. Mas não são a maioria. Os consumidores continuam sendo enganados sobre as origens e os bastidores de como suas joias escolhidas chegaram até o comércio. No entanto, a nova geração do milênio tem se mostrado menos tolerante quanto a isso. Para ela, uma compra tão emocional, romântica e idealista precisa ser feita com base em valores éticos, também.
Afinal, a experiência de compra é uma coisa positiva, mas os novos consumidores não estão prontos para ignorar o fato de que uma joia pode ser um símbolo de águas envenenadas, áreas naturais ameaçadas, comunidades ameaçadas, atrocidades de direitos humanos, desigualdade de gênero ou coisa pior.
Para empresas éticas que operam no setor, é preciso manter a joia como um sinônimo de amor, romance e emoção, tão puro quanto possível. E para o consumidor da nova geração, o melhor protesto é garantir que os anéis que compra seja de um ponto de partida ético. Não é uma busca por menos qualidade em nome de uma revolta hippie. É um reconhecimento de que os diamantes podem ser a próxima fronteira para a geração do milênio, para assegurar que a busca por uma joia seja feita de forma mais justa.