O metaverso promete revolucionar o mundo dos negócios e alterar o relacionamento entre empresa e cliente
Por Adriele Silva*
Imagine conversar com seus amigos, fazer compras no shopping e até mesmo praticar atividades físicas por meio de avatares digitais. Parece cena de filme de ficção científica, não é? Mas acredite, esse universo virtual, também conhecido como “metaverso”, já está sendo desenvolvido por gigantes da tecnologia, como o Facebook, a Microsoft e a Roblox.
Criado por meio da integração de vários recursos digitais, como a realidade virtual, a realidade aumentada e as redes sociais, o metaverso tem como principal objetivo conectar o mundo real e o virtual por meio da imersão total dos usuários. O jogo “League of Legends”, por exemplo, foi desenvolvido pela Riot Games e hoje dá pistas de como funciona o metaverso, já que possui uma interface capaz de promover shows virtuais com bandas do mundo real.
A Microsoft segue o mesmo caminho e já possui o Mesh for Teams, que promove a interação virtual entre os usuários de uma empresa por meio de experiências holográficas. O Facebook, por sua vez, que agora recebe o nome de “Meta”, se refere ao metaverso como o “futuro da internet” e vem investindo muito dinheiro para a concretização do projeto.
Marcas como Adida, Disney e Nike também vêm investindo no metaverso, que promete movimentar 800 bilhões de dólares até o ano de 2024, segundo a Bloomberg Intelligence Unit.
Para se ter uma ideia, a Nike criou seu próprio mundo virtual, a Nikeland, através da plataforma Roblox. Nesta realidade paralela, os usuários conseguem não só usar as roupas da empresa, como também praticar exercícios físicos por meio de dispositivos móveis.
E o metaverso não para por aí! Muitas gigantes da moda também entraram na onda e começaram a testar provadores que possuem realidade aumentada, como é o caso da Prada e da Gucci. Além disso, têm-se investido em vendas virtuais de roupa e de NFTs, como foi o caso da Vans e da Dolce & Gabbana, respectivamente.
Como o metaverso influencia o seu negócio?
Apesar dessa realidade parecer muito distante, várias empresas no Brasil também estão de olho nas vantagens trazidas pelo metaverso e mais do que nunca estão analisando os impactos desta novidade para os negócios e para a experiência do cliente.
De acordo com o cofundador da PPTGO, startup de tecnologia para comunicação corporativa, Rodolfo Gomes, este fenômeno traz uma nova dimensão ao phygital e promete grandes alterações nos setores financeiro, de entretenimento, educacional e de varejo.
“O setor financeiro, além de promover ativamente a evolução do tema, através de investimento, também já surfou essa onda desde o início, uma vez que o metaverso usa criptomoedas para transacionar valores dentro desse novo mundo”, inicia o empresário, que continua: “para o setor de entretenimento, uma vez que o metaverso é sobre uma nova experiência, espera-se uma migração de experiências físicas para o digital, inclusive, já vemos shows sendo promovidos dentro dos mais diversos universos digitais que já existem”, complementa o membro da PPTGO.
Com relação à educação e ao varejo, Rodolfo Gomes aponta quais serão as novas formas de ensinar e de vender no Brasil e no mundo: “com a digitalização acelerada, experimentada durante a pandemia, vamos aderir a uma nova forma de aprendizado, muito mais ativa e interativa, que permitirá que cada indivíduo explore conteúdos e conhecimentos, conforme desejar. Além disso, será possível criar experimentos científicos e prototipagem, enquanto se aprende”, afirma.
“E para o varejo, os NFTs já são uma realidade e ganharão muita força na movimentação desse novo mercado digital e colaborativo. Uma vez que estamos no início dessa jornada tecnológica, o mercado já tem dado os primeiros passos, buscando entregar produtos e serviços de forma interativa e colaborativa, antecipando as tendências que o metaverso virá para solidificar”, complementa Rodolfo Gomes.
Metaverso promete modificar experiência do cliente e personalizar atendimentos virtuais
Com relação a experiência do cliente, o CEO e Lead Computer Vision Researcher, da MoreThan Real, empresa no ramo de realidade aumentada, Marcos Trinca, afirma que o consumidor também usufrui dos benefícios dessa tecnologia: “diversas pessoas já fazem uso de tecnologias como a realidade aumentada para testar e visualizar produtos de forma realista em suas casas. Recentemente, a Fiat contratou nossa ferramenta de AR Commerce para disponibilizar o novo Fiat Pulse virtualmente, em tamanho real e de forma hiper realista, para seus clientes apreciarem o carro. Quando o usuário projeta o carro em sua garagem, ele já está acessando o metaverso e interagindo com essa camada virtual de informação. Inclusive, já existe tecnologia hoje que permite que diversas pessoas simultaneamente tenham acesso ao mesmo conteúdo de Realidade Aumentada e que interajam com este conteúdo em conjunto”, explica Marcos Trinca.
Também segundo o CEO da More Than Real, o metaverso também auxiliará no atendimento ao cliente e em todas as outras etapas da jornada de compra. “O metaverso irá evoluir para criar espaços de interações mais perenes e constantes. As lojas, os shoppings e centros de cultura e entretenimento existirão no metaverso, seja vinculado ou não aos espaços físicos originais. De um jeito ou de outro, ele permitirá a digitalização da experiência de consumo das pessoas e abrirá possibilidades gigantes para melhorar o relacionamento das marcas com seus clientes. As empresas passarão a entender muito mais sobre as decisões de compra de seus consumidores por conseguirem extrair informações sobre o seu comportamento através das camadas virtuais apresentadas a eles”, afirma o empresário.
Ao que tudo indica, a consolidação e popularização desta inovação deve passar por dois estágios, conforme aponta Marcos Trinca: “acredito que, em um primeiro momento, o metaverso conectado ao universo físico, ou seja, a realidade aumentada, será a que mais irá ser explorada, isso por duas razões muito simples: primeiro que as pessoas já possuem um dispositivo capaz de acessar esses ambientes virtuais, que são os telefones celulares. E segundo que elas não precisam se isolar do ambiente físico em que estão, de modo que podem acessar o metaverso no trabalho, na escola, em casa, ou mesmo na rua. Esse certamente será o primeiro uso em massa do metaverso e já é algo que estamos vendo, vide as ações dos nossos clientes em produzir jornadas virtuais, como já citei acima”, inicia o CEO.
“Num segundo estágio temos os metaversos desvinculados do ambiente físico, que requerem um óculos especial. Por mais que a Meta e outras empresas já tenham disponibilizado ferramentas para realizar encontros, reuniões e eventos num ambiente 100% virtual, ainda assim é necessário que as pessoas tenham óculos especiais para participarem destas jornadas, e isso ainda é caro, principalmente no Brasil, que importa muito dessa tecnologia”, pontua Marcos Trinca.
Brasil é capaz de aderir tendência e se consolidar no segmento
Apesar dos desafios a serem enfrentados, o Brasil apresenta bons resultados com relação a inclusão de novas tecnologias no mercado. “O uso de RA no país pode ser considerado bastante maduro e em curva crescente de adoção. Temos clientes como Tetrapak, Nestlé, Unilever, que estão usando tecnologia de Realidade Aumentada para facilitar as jornadas de compra. Plataformas como a nossa, que já acessam e criam objetos virtuais, irão evoluir para criarem espaços virtuais inteiros”, explica o CEO da More Than Real.
Marcos Trinca completa: “o que hoje chamamos de AR Commerce deverá evoluir para as AR Stores, com prateleiras virtuais cheias de produtos, sendo materializadas nas casas dos consumidores, inclusive com a possibilidade de se projetar para dentro de uma loja virtual inteira no metaverso. Nós já pesquisamos isso hoje, já olhamos para essas possibilidades e buscamos a tecnologia que permita a realização desse tipo de solução”.
Por fim, o diretor operacional da NFMarket Agency, agência especializada em gestão e desenvolvimento de projetos em NFTs, Luis Magaldi, explica que a pandemia acelerou o investimento em massa das marcas nacionais e estrangeiras e que esta nova tecnologia facilitadora promete mudar os rumos do universo corporativo. “A tendência para o metaverso, ainda mais em tempos de pandemia, é recriar e sanar a necessidade de estar mais próximo fisicamente de alguém. Com isso, os clientes poderão adquirir produtos e experiências de forma mais imersiva, interativa, sensorial e realista, transformando o mundo digital em algo mais fidedigno à realidade, trazendo a possibilidade de uma maior experimentação”, finaliza.
*Por Adriele Silva para Consumidor Moderno