A lonsdaleíta tem estrutura atômica com um design hexagonal, garantindo 58% a mais de dureza do que os diamantes.
Hemerson Brandão*
Cientistas identificaram um novo mineral que é 58% mais forte do que os diamantes. Batizado de lonsdaleíta, o mineral tem sido teorizado há anos, mas somente agora foi confirmado em um meteorito caído na África.
De acordo com um novo estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences, o meteorito deve ter pertencido ao manto de um antigo planeta anão. Os pesquisadores do Instituto Real de Tecnologia de Melbourne (RMIT), na Austrália, teorizam que ele deve ter sido arrancado durante uma colisão há bilhões de anos, antes de finalmente cair na Terra.
A estrutura química do lonsdaleíta é parecida com os diamantes comuns, porém ela tem uma estrutura atômica com um design hexagonal – em vez de cúbica, como nos diamantes – o que garante uma dureza adicional.
Até então, os diamantes eram considerados os minerais mais duros encontrados em nosso planeta. Segundo o site NPR, os cientistas acreditam que o manto terrestre também deve conter lonsdaleíta, mas eles não têm certeza o quanto deste mineral está disponível no planeta.
Os cientistas explicam que o mineral deve ter se formado a partir de um fluido em alta temperatura e pressões moderadas, preservando quase perfeitamente a forma e as texturas do grafite pré-existente. “Mais tarde, a lonsdaleíta foi parcialmente substituída por diamante à medida que o ambiente esfriou e a pressão diminuiu”, disse Andy Tomkins, um dos pesquisadores que assinaram o estudo.
Acredita-se ainda que o novo mineral desempenhe alguma função na transformação do grafite em diamante. A primeira vez que a lonsdaleita foi descrita ocorreu há mais de 50 anos, também após a descoberta de um meteorito. Na época, acreditava-se que o mineral poderia ter sido formado durante o impacto com a Terra. Porém, até então, o mineral não tinha sido produzido ou descrito como um material separado e puro.
A confirmação do novo mineral no novo estudo pode não apenas trazer insights sobre a formação da Terra e do Sistema Solar, mas a dureza da lonsdaleita também poderá ser replicada em laboratório para ser utilizada na fabricação de ferramentas super duráveis.
Além disso, o mineral poderá ser utilizado como marcador para identificar meteoritos caídos na Terra.
O nome do mineral recebeu o nome da famosa cristalógrafa britânica Dame Kathleen Lonsdale – a primeira mulher eleita como membra da instituição científica Royal Society.
*Hemerson Brandão é jornalista, escreve sobre espaço e tecnologia, e é entusiasta de astronomia, interessado em exploração espacial e fã de Star Trek.