Empresa já tem dois modelos de relógios mecânicos, lançados em séries e com edição limitada. Peças têm design brasileiro e fabricação europeia
Por Wilame do Prado Elias*
Graças a uma dupla de maringaenses aficionados por relógios, o Brasil entrou no mapa dos relógios de movimento mecânico, produto raro e produzido mais comumente na Suíça. É que foi lançada, no ano passado, a marca Statera Watch Co., genuinamente de Maringá e que já desenvolveu dois modelos de relógios mecânicos, lançados em séries e com edição limitada.
A ideia partiu dos sócios Rafael Tribulato Guimarães, ligado ao ramo imobiliário, e Antônio Almir dos Santos, veterinário, que buscaram resgatar o estilo vintage dos relógios que marcaram época nos anos 1950.
Em 2022, os três maringaenses estrearam a marca Statera com o modelo Calculus, que já vendeu quase 80 unidades das 100 numeradas, custando R$ 7,2 mil. Agora, neste mês de março, eles acabaram de lançar o modelo ST01 Emerald, limitado a 30 unidades e custando R$ 6,4 mil, sob encomenda.
“O Emerald tem a mesma caixa do Calculus, de 41 milímetros, pulseira de couro bovino com acabamento craquelado e movimento automático 2824-2, feito pela STP Swiss. Buscamos criar um design limpo, clássico, com o mostrador em cor verde esmeralda”, detalha Guimarães. “Esse é o nosso relógio número 1, literalmente. Já tive proposta para vender por R$ 20 mil no exterior, mas esse eu não vendo não por nada”, comentou o empresário maringaense.
Calculus
Para o primeiro modelo, o Calculus, os maringaenses contaram com o auxílio de Armand Billard, proprietário de outra marca independente, a francesa Sartory Billard, para ajuste do projeto e manufatura da caixa e do mostrador. O movimento mecânico automático foi encomendado para uma pequena fabricante suíça, a DB Manufacture. Todo o design das peças é feito pelo time da Statera, e a fabricação vem da Europa. Toda a montagem e os ajustes finais são feitos no próprio Ateliê da Statera, em Maringá.
Guimarães revelou que o investimento inicial do negócio foi baixo. A ideia foi conseguir custear, ainda na pré-venda, pelo menos os custos de manufatura. “O resultado é um belo relógio vintage. O movimento tem reserva de marcha de 53 horas e resistência a 50 metros de profundidade. O nome do modelo, carvão em latim, refere-se à cor do mostrador”, elogiou o jornalista Ivan Padilha, editor da Revista Exame, dando detalhes do modelo Calculus, da Statera, única marca de relógios mecânicos do Brasil e que surgiu em Maringá.
Novidades
Com a rápida aceitação do mercado, Guimarães revelou que, aquilo que começou como um hobby, tem se tornado, aos poucos, um verdadeiro negócio. “Não ganhamos dinheiro ainda, mas notamos que o nosso relógio mecânico foi muito bem aceito, é um produto único no mercado brasileiro e já nos conectamos com uma rede muito grande de colecionadores mundialmente falando”, disse.
Por conta disso, alguns contatos profissionais também apareceram no sentido de otimizar a produção em pequena escala dos relógios mecânicos com a marca Statera. O maringaense revelou que está em contato, por exemplo, com uma engenheira suíça que já tem 30 anos de experiência na indústria de relógios mecânicos e que já atuou com grandes marcas, como Patek e Tag Heuer. “Ainda não podemos revelar o nome dela, mas estamos animados com o que virá pela frente.”
A meta inicial da Statera é vender 200 relógios dos dois modelos já lançados (Calculus e Emerald) e também de um próximo modelo, chamado Marine (mesmo design do Calculus, mas com mostrador branco e ponteiros em azul), para depois lançar um relógio mecânico que terá a caixa e o mostrador fabricados nos Brasil, o que vai dar mais profundidade e deixar a marca cada vez mais independente da mão-de-obra europeia.
“A ideia é apresentar uma peça que leve o nome do Brasil para o mercado de colecionadores que consomem microbrands independentes e que buscam exclusividade. Com essa estratégia, queremos atingir uma fatia de mercado que vende suas criações a valores entre três e quatro mil euros (entre R$ 15 mil e R$ 20 mil)”, revelou o empresário.
O relógio mecânico é um item procurado por colecionadores do mundo todo, e se difere de relógios comuns por manter a tradição do funcionamento mecânico, que independe completamente de baterias ou eletricidade e composto basicamente por engrenagens, molas e rolamentos: uma mescla de engenharia mecânica com toques de arte, especialmente nos acabamentos.
*Wilame do Prado Elias para Maringá Post