Conflito geracional nas empresas pode gerar novas mudanças interessantes no mercado de trabalho
Uma das consequências dessa discrepância entre as expectativas das diferentes gerações nas empresas é o “quiet ambicion” (ambição silenciosa) / Freepik
Expoentes da Geração Z — nascidos entre 1996 e 2010 — estão ingressando no mercado de trabalho, e assim como anteriormente, a estreia dessas caras novas não está sendo nada sutil.
Se gerações mais antigas focam no salário, a nova massa de trabalhadores busca algo além, como a necessidade de atuar em algo que tenha propósito e a busca por um sentimento de pertencimento.
Patricia Agopian, especialista em carreira, explica que atualmente os jovens querem trabalhar, mas precisam que as empresas mostrem sua importância na cadeia produtiva com o pensamento e sentimento de orgulho em pertencer, não somente focado na remuneração.
Esse choque entre gerações no mercado de trabalho já foi apontado em outros levantamentos, e lidar com empregados da Geração Z foi descrito como um desafio para mais da metade dos empregadores devido às novas expectativas sobre o futuro por parte desses profissionais.
Mas, esse conflito geracional pode gerar mudanças importantes que constroem um ambiente de trabalho mais saudável e aumentam a percepção do que é qualidade de vida e produtividade.
O propósito é algo caro para a Geração Z, que majoritariamente se inseriu no mercado de trabalho na pandemia, diz Agopian, e que devem ser entendidos pelos seus líderes para criar espaços inclusivos e amenizar os desentendimentos.
“Estamos passando por uma fase de transição e temos que aprender a lidar com essa fase e construir novas verdades, o que não significa aceitar todas as bandeiras que estão sendo levantadas, mas ajudá-los a entender”, diz.
Emerson Wesley Dias, consultor de carreira e negócios, descreve esse cenário como uma “ressignificação do que é trabalho, que tem um significado diferente hoje do que para a geração dos seus pais” — movimento que acontece frequentemente na sociedade.
Uma das consequências dessa discrepância entre as expectativas das diferentes gerações nas empresas é o “quiet ambicion” (ambição silenciosa), fenômeno no qual os profissionais buscam mais o “sucesso” na vida pessoal do que a ascensão na estrutura dos negócios.
Agopian explica que, atualmente, o jovem olha para o seu líder e não enxerga um exemplo, querendo se distanciar dessa vida que não diz respeito às suas ambições.
Uma das lições desse embate para os executivos é entender o real motivador do trabalho, que não se restringe a fazer mais horas e chegar até mesmo a um burnout.
“Não é só o trabalho pelo trabalho, não é o dinheiro só pelo dinheiro, mas é como isso faz sentido na minha vida também e por vezes chacoalhar as pessoas, que estão presas ali naquela execução eterna”, explica.
Outra mudança interessante apontada pela especialista quando a Geração Z é inserida nas empresas é a presença de um olhar sem vícios e mais criativo.
O entendimento do que o público da nova geração busca também é um diferencial. “Eles são os novos consumidores. Se você quer a empresa atualizada e viva, ela não pode envelhecer”, diz a especialista.
Para isso, Agopian aponta algumas medidas que podem ser adotadas pelos líderes.
- Diálogo aberto, flexibilidade e ambiente inclusivo
- Transformar o conflito em uma oportunidade de evolução, trazendo novos olhares
- Acolha as individualidades e capacidades únicas de cada um da Geração Z e as combine
- Se distancie de algumas crenças e paradigmas com testes
* Marien Ramos sob supervisão de Gabriel Bosa para CNN