Estratégia reflete maior aceitação por esse tipo de produto, considerado mais sustentável, já que principais minas estão em zonas de conflito
Por Época Negócios
A De Beers, gigante produtora de diamantes sediada em Luxemburgo, anunciou hoje a entrada no segmento de gemas sintéticas para joias. As pedras serão oferecidas sob uma nova marca, a Lightbox Jewelry e chegam ao mercado em setembro. “A Lightbox Jewelry vai oferecer aos consumidores algo novo: brilho e cores a preço bastante acessível”, disse Steve Coe, gerente geral da nova empresa.
Fabricadas nas cores rosa, branco e azul bebê, as pedras custarão de US$ 200, o quarto de quilate, a US$ 800, o quilate. Ainda que o valor pareça alto para muitos, é em média 75% mais baixo que o praticado por outras fabricantes de pedras sintéticas, como a americana Diamond Foundry, ou a russa New Diamond Technology, que já vendiam seus produtos de 30% a 40% mais barato que as pedras naturais, segundo o New York Times. A queda no preço é atribuída ao uso de novas tecnologias e processos de produção.
Com minas espalhadas por países como África do Sul, Canadá, Namíbia e Botsuana, a De Beers é conhecida por ter criado e dominado o mercado internacional de diamantes durante a maior parte do século XX. Há cerca de cinco décadas, também desenvolve materiais industriais de ponta com seu braço industrial, a Element Six Innovation Center. São matérias primas com aplicações em ferramentas para a exploração de petróleo, lasers de alta potência e alto-falantes de última geração, entre outros produtos. É à Element Six que a Lightbox Jewelry está ligada no organograma da De Beers.
O lançamento representa uma virada na postura da companhia. Há dois anos, a De Beers fazia parte dos esforços do setor de conter o avanço dos diamantes sintéticos no mercado com uma campanha de marketing marcada pelo slogam “Real is rare” (“O real é raro”, em uma tradução livre). Hoje, as pedras sintéticas respondem por apenas 2% das vendas mundiais. Mas há analistas que estimam que, até 2030, essa fatia possa chegar a 10%.
O avanço é atribuído, em parte, a crescente aceitação do produto no mercado, por suas características mais sustentáveis (algumas das principais minas de diamantes do mundo ficam em zonas de conflito) e à demanda reprimida gerada por profissionais bem sucedidas, mas sem dinheiro suficiente para investir em joias ou vontade de usar no dia a dia um diamante verdadeiro. O movimento da De Beers, assim, seria uma forma de a companhia se posicionar para ocupar o crescente mercado dos sintéticos e proteger a fatia de cerca de 30% que ainda detém no mercado internacional de diamantes naturais.
Além da fábrica em funcionamento na Inglaterra, a De Beers tem outra em construção, nos Estados Unidos, que custará US$ 94 milhões, nos próximos quatro anos. Segundo a companhia, a nova unidade terá capacidade de produzir cerca de 500 mil quilates em pedras sintéticas por ano. A ideia, diz Coe, da Lightbos Jewelry, é também introduzir novas formas e cores no mercado, sempre com preços abaixo da concorrência. “A eficiência tecnológica e nosso processo produtivo significam que seremos capazes de oferecer as pedras a preços acessíveis”, afirma.
Fonte: Época Negocios