Compradores de joias estão ficando mais atentos à origem das pedras
Por Gabriel Moura
Uma tendência observada no mercado joalheiro atual é de que os compradores de joias estão ficando mais atentos à origem das pedras. E no meio dessa discussão, muitos empresários se perguntam se vale investir nesse tipo de propaganda ao oferecer peças que trazem gemas de determinados locais e o quanto isso pode agregar valor à joia.
Você tem em sua joalheria duas safiras igualmente coloridas e claras, mas uma delas vem de Madagascar e a outra, da Caxemira. No mercado internacional, a diferença na origem da pedra pode custar até US $ 80 mil dólares por quilate. E a tendência mundial é de que os compradores estão dispostos a pagar mais por gemas oriundas de lugares que demonstram o quanto são raras como Caxemira, colombiana ou Birmanesa.
A atenção à sua origem deve-se em parte à maneira como as gemas são designadas. Assim, um anel de esmeralda ao ser oferecido em uma joalheria pode ser apresentado como “um anel de esmeralda colombiana”, o que traz da a peça uma maior sofisticação para o comprador e agrega valor. Porque os grandes compradores não estão apenas olhando para itens como o corte, clareza, cor e quilate, mas entendem que as gemas extraídas de certos locais são sinônimo de qualidade, história e prestígio.
A raridade das gemas pode aumentar a demanda. As safiras da mina de Caxemira, por exemplo, são as mais valorizadas por sua perfeita tonalidade azul aveludada. Entre as esmeraldas, as do tom verde mais puro são tradicionalmente encontradas na Colômbia e exibem uma transparência como o mel, conhecido como efeito gota de óleo. No mundo dos rubis, os birmaneses, da região de Mogok, recebem o nome de sangue de pombo e são considerados o padrão ouro. As minas de Caxemira e Mogok estão em grande parte esgotadas e a produção desacelerou, enquanto a produção de esmeraldas colombianas é prejudicada pela falta de investimento.
E por outro lado, as casas de leilão tendem a perpetuar o glamour das origens das pedras. Há registros de leilão onde safiras da Caxemira foram vendidas por uma média de US $ 217 mil por quilate, em comparação às do Ceilão e da Birmânia, que foram vendidas por uma média de US $ 49 mil por quilate. Esmeraldas colombianas de alta qualidade podem custar até US $ 200 mil por quilate, enquanto as esmeraldas zambianas de qualidade semelhante foram leiloadas por US $ 50 mil.
As turmalinas da Paraíba, por exemplo, têm preços que ultrapassam os US $ 10 mil por quilate. As pedras brasileiras são valiosas, notoriamente pequenas em tamanho e difíceis de extrair, com apenas uma produzida para cada 10 mil diamantes. Assim, o país de origem só acrescenta valor às pedras de alta qualidade, desde que se possa garantir totalmente o local de origem de uma pedra.