Joalheria reabre mansão na Place Vendôme com mudanças focadas na experiência do cliente, incluindo um apartamento especial para pernoitar no local
Erica Mendes
A Boucheron está celebrando o seu 160º aniversário com a reabertura de sua joalheria (onde também estão seus ateliês de criação e produção) no número 26 da Place Vendôme, após uma restauração radical do grupo Kering. O retorno para esse ilustre endereço – que é a casa da Boucheron desde 1893, quando o fundador Frédéric Boucheron se tornou o primeiro joalheiro da praça – é marcado por mudanças focadas na experiência do cliente.
Desde o último dia 5 de dezembro, os consumidores que entram na mansão restaurada do século XVIII podem sair com suas compras por uma porta secreta através dos painéis de laca de uma das salas de vendas que tem inspiração chinesa. Os clientes mais importantes podem ser convidados a pernoitar no ilustre endereço e aproveitar a aura de luxo ao se hospedarem no apartamento privativo da Maison Boucheron, operada pelo hotel Ritz.
“Isso é mais do que apenas uma abertura de loja para a França”, disse a CEO da Boucheron, Hélène Poulit-Duquesne. A praça de Paris é o destino de joias mais prestigiado do mundo, ela é sinônimo do setor e o epicentro do luxo francês – abrigando nomes como Van Cleef & Arpels, Chaumet e Chanel – e uma peregrinação por ela se tornou obrigatória para os fãs da alta joalheria. “É a herança de Paris, é a herança da Boucheron. Esta história da Place Vendôme é o que queremos contar em todo o mundo.”
Painéis com tela sensível ao toque permitem que os visitantes passem por histórias sobre antigos clientes notáveis, incluindo a condessa de Castiglione (que morava no andar superior), Jane Birkin e o czar Alexandre III.
Para que os clientes se sintam como se estivessem em casa na mansão, a executiva optou por remover os balcões e as mesas retangulares de atendimento, substituindo-os por mesas redondas mais amistosas. Além disso, há diversas salas com sofás e poltronas para um descanso ou um simples bate-papo.
O vestuário das vendedoras também foi renovado: saiu a formalidade do tailleur de blazer e saia para entrar a elegância suave dos macacões de seda e vestidos de estampa botânica.
A cenografia revela a restauração de detalhes arquitetônicos originais que estavam ocultos há anos e também as novas interferências feitas para a reabertura,como o Winter Garden, que exibe uma parede de vidro de quatro andares com vista para a vegetação.
Considerando ainda que o endereço é banhado pela luz do dia, a distribuição do mobiliário foi estrategicamente pensada de forma que algumas joias tenham o brilho de suas gemas realçadas também pela luz natural.
Em relação à abordagem com o cliente e ao marketing, Poulit-Duquesne é sensível às argumentações focadas no status de herança ou gestos sentimentais que, segunda ela, impedem muitas mulheres de comprar joias. “Eu prefiro falar com as mulheres sobre estilo, sobre como elas podem usar a peça”, disse a CEO.
Marcada por um forte pilar de tradição, a joalheria aposta nessas mudanças para exalar uma contemporaneidade centrada no cliente. “É uma experiência”, disse Poulit-Duquesne. “Mesmo se você não for, é importante saber que o lugar existe.”