As máquinas do tempo entraram como complemento natural do portfólio da companhia, diz o CEO Jean-Christophe Babin
Por Gabriel Justo para Exame
Com quase 140 anos de história, a Bvlgari se destaca de outras manufaturas por fazer peças icônicas que mesclam o melhor da joalheria e da relojoaria. CEO da marca, Jean-Christophe Babin falou à Casual EXAME sobre a importância desse segmento para a companhia e os desafios de manter a consistência da marca em um mundo em constante mutação.
Qual é a importância da relojoaria para a Bvlgari?
A relojoaria começou como um complemento natural do nosso portfólio, do qual a joalheria é, logicamente, a joia da coroa. A serpente, os mosaicos das Termas de Caracalla que inspiram a coleção Diva… Ambos são códigos que vêm da joalheria e então se desdobram em bolsas e relógios, dando consistência às diferentes categorias da marca e honrando as nossas raízes romanas.
Quase dois anos de pandemia mudaram algo no processo de decisão de compra dos consumidores?
Reputação de marca, beleza e criatividade continuam sendo os principais fatores que guiam as decisões de compra no mercado de luxo. Entretanto, os bastidores disso tudo são cada vez mais objeto de curiosidade e escrutínio do público, que hoje não espera somente que façamos um trabalho de altíssima qualidade, mas que façamos isso com responsabilidade. Você precisa ser respeitado também pela sua generosidade, ética e transparência.
Em 2025, 45% dos consumidores do mercado de luxo deverão ser da geração Z. Como acessar esse público com demandas tão específicas e, ao mesmo tempo, manter a consistência da marca?
Precisamos nos manter verdadeiros ao que somos, porque foi essa consistência e esse cuidado que nos trouxeram até aqui. Ao longo dos anos, expandimos nosso portfólio de produtos com perfumes e relógios, nos adaptando às novas demandas que surgiram. Mas não fizemos isso para nos relacionarmos com diferentes gerações. A chave para isso está no alto padrão de qualidade do que fazemos e no posicionamento da marca com base em nossos valores sérios.
Cada vez mais o luxo é associado ao bem-estar e à qualidade de vida do que apenas ao consumo. Esse cenário ameaça o futuro do mercado de luxo?
Não exatamente. No passado, se você tinha um item de luxo, certamente era uma pessoa de sucesso. Há uma nova dimensão hoje que é muito importante: o prazer e a felicidade pessoal. A fascinação pelo luxo vem muito da qualidade dos materiais, da habilidade do artesão, do cuidado na fabricação de cada item. Quanto mais o mundo se torna virtual e comercial, mais o luxo se torna desejável, porque nós representamos o ápice da qualidade em um mundo que é real.