Site Fashionista analisa o quanto essa iniciativa pode ou não tornar o setor mais transparente e responsável social e ambientalmente.
Por Erica Mendes
Em janeiro quando a Tiffany & Co. anunciou que vai começar a informar aos seus clientes a origem de seus diamantes, ela foi rotulada pela ousada afirmação de que estaria provocando uma “nova era de transparência dos diamantes”.
“A Tiffany acredita que conhecer a proveniência é fundamental para garantir que seus diamantes sejam os mais responsáveis do mundo”, disse a marca em um comunicado.
A jornalista Whitney Bauck do site Fashionistapublicou um artigo questionando se essa teria sido uma boa decisão da joalheria nova iorquina. Ela levantou o fato de que, ao contrário dos itens de vestuário, as peças de joalheria não são obrigadas a incluir uma etiqueta que especifique o seu país de origem. E mesmo que fossem, suas matérias-primas como, por exemplo, os diamantes, provavelmente não seriam, assim como uma camisa legalmente feita nos EUA pode ter botões da China sem ninguém notar. Mas, à medida que cresceu a consciência do consumidor sobre as questões éticas da mineração de diamantes aumentou também a pressão nas empresas de joias para provarem sua inocência.
Muitas marcas confiaram no Processo de Kimberley para acalmar as consciências dos consumidores. Nos últimos 15 anos, porém, os críticos afirmaram que a missão declarada do Processo de Kimberley de garantir que “as compras de diamantes não financiavam a violência pelos movimentos rebeldes” é grosseiramente inadequada como uma certificação ética porque ela não protege contra o trabalho infantil e o abuso ambiental.
Posteriormente a isso, algumas empresas construíram seus negócios garantindo aos clientes que eles estavam “além do conflito”, publicando online a proveniência de seus diamantes desde muito antes do anúncio da Tiffany & Co.
A questão é como essas empresas são capazes de respaldar a procedência? Bauck destacou que, de acordo com um relatório detalhado da The Next Web, há razões para pensar que essas promessas podem ser boas demais para ser verdade, visto que as empresas não possuem seus próprios inventários. Isso significa que as declarações de origem dependem de terceiros.
Segundo o especialista em diamantes e fundador do The Diamond Pro, Ira Weissman, é aí que a decisão da Tiffany & Co. pode potencialmente romper um novo patamar. “O que torna a Tiffany diferente é que ela é a única empresa que está no controle de toda a sua cadeia de suprimentos. Ela compra diamantes brutos diretamente das mineradoras, ao invés de esperar que intermediários lapidem as pedras. A Tiffany & Co. tem controle total, explicou Weissman ao site Fashionista.
A iniciativa da Tiffany ainda é muito embrionária, visto que apenas os diamantes acima de 0,18 quilates terão a sua origem divulgada. Além disso, informações específicas sobre as minas onde foram achados os diamantes ainda permanecerão opacas, mesmo quando os países de origem forem revelados. Mas, de acordo com Weissman, a informação geográfica geral ainda será um longo caminho para tornar a cadeia de fornecimento mais ética, já que países diferentes têm padrões comprovadamente diferentes quando se trata de mineração de diamantes.
“Então a Tiffany & Co. está realmente pronta para inaugurar uma nova era de transparência no mundo da joalheria?, perguntou Baruck à Weissman. “Acho que é um prenúncio do futuro que está por vir. A Tiffany’s é a marca líder neste setor, então, o que quer que eles façam, todos os outros tendem a seguir, afirmou o especialista.”