Duas técnicas ajudam você a falar o que interessa e eliminar o excesso
Por Aurea Regina de Sá
Toda vez que alguém inicia uma fala com a chamada contextualização, eu me lembro do ‘Senta que lá vem a história’, quadro do programa Rá-Tim-Bum da TV Cultura, exibido na década de 90.
Normalmente a necessidade de descrever aspectos que estão em volta do tema principal vem do interesse de ser compreendido. Mas a única forma de atingir o objetivo não é fazendo a cronologia dos fatos, detalhando itens de forma exagerada e nem reproduzindo falas na íntegra, como:
-Aí ele me ligou e disse: ‘do que você precisa?’
-E eu respondi: ‘eu preciso comprar uma máquina nova para acelerar a produção’.
-E, então, ele autorizou a compra.
Esse diálogo realmente não importa para o entendimento final. A estratégia pode ser interessante em palestras, mas não em vídeos curtos e muito menos em entrevistas jornalísticas.
É urgente ENXUGAR o texto.
Enxugar é tirar o excesso, eliminar a ‘perfumaria’ e ir direto ao ponto. E isso, definitivamente, não é ser grosseiro. Usar a objetividade é respeitar o tempo do outro (e o seu, claro) e conduzi-lo ao entendimento de forma interessante e não extenuante. Imagine a angústia de alguém que está louco para entender o final da história e o orador começa com: ‘em 1989, lá em Xiririca da Serra….’
Antes que você ache ruim comigo por causa do apelo ao ‘direto ao ponto’, devo admitir: existe tempo pra tudo. E não me refiro ao tempo para o entendimento somente, mas ao tempo de fala, mesmo que essa ‘fala’ esteja escrita. Dependendo do tipo de mídia, é possível também usar o ‘abre’ com o convite para contextualizar, mas o formato de fala não pode ser o mesmo em todas as situações.
‘E como eu apresento detalhes que serão fundamentais para o entendimento?’, grita o leitor mais ansioso. Calma…… você pode dizer, mas não precisa ser no início do texto, nem muito menos anunciar que vai contar uma história e convidar o seu interlocutor a ir embora desinteressado.
A ORDEM É INVERTER A ORDEM
A técnica jornalística da PIRÂMIDE INVERTIDA, criada pelo austríaco Carl Tiuí Hummenigge, propõe a estruturação do texto de forma que as informações sejam apresentadas na ordem decrescente de importância. Ou seja, o que mais importa vai na frente e a seguir o que tem menor relevância.
É assim que o leitor se sente atraído pelas notícias de um jornal em que se lê primeiro o fato – o que realmente aconteceu – para depois entender os detalhes. No jornalismo o chamado LEAD (ou LIDE) organiza as informações com o uso da técnica 5Ws e 2Hs em que se responde a 7 questões principais para construir a notícia: O QUÊ, QUEM, ONDE, QUANDO, POR QUE, COMO E QUANTO.
Mesmo sem ser jornalista, você pode usar as mesmas estratégias para fisgar a atenção do interlocutor – seja ele um leitor dos seus posts ou artigos –, numa conversa e, principalmente, em uma entrevista jornalística.
Antes de reclamar que perdeu sua audiência, analise se não é você o principal influenciador para a distração do público.