A influência de uma rainha sobre a moda, traduzindo seus gostos pessoais em cultura popular
Por Sandra Bancovsky Becker
Conhecida no mundo fashion por ter usado branco no seu casamento e revolucionar esse nicho de mercado, induzindo centenas de milhares de noivas ocidentais a escolher essa cor como forma de pureza, a rainha Vitória também lançou outros modismos, talvez menos conhecidos, durante seu majestoso e duradouro reinado, no século XIX.
Dona de uma personalidade forte e rebelde para a época, ela teve a ousadia de casar-se por amor e, por esse mesmo amor, embrenhou-se em um luto fechado durante longos 41 anos, desde a morte do príncipe Albert até o fim de seus dias.
Para tal, privou-se das joias que tanto amava, e que sempre a acompanharam, pois acreditava que uma viúva não poderia usar brilho. Vestia-se de preto e solicitou aos seus ourives que criassem joias com ônix, já que ela era uma apreciadora das gemas, e alguns brincos com pérolas que simbolizavam suas lágrimas.
Apesar de não fazer muitas aparições públicas, suas joias “de luto” eram sempre muito conhecidas. O efeito foi tal que viúvas pagavam o preço que fosse por uma joia feita em ônix, elevando o preço dessa pedra durante a época vitoriana.
O poder de uma rainha sobre a sociedade, incutindo seus gostos pessoais à cultura ocidental e definindo a cor branca para a pureza e a preta para o luto, nos acompanha até os dias atuais. Porém, a maioria das pessoas não atribui o crédito desse feito à rainha Vitoria, simplesmente por não conhecer sua história e achar que essas cores sempre foram associadas dessa maneira.
Sandra Bancovsky Becker é mestre em artes visuais pela Faculdade Santa Marcelina. Atualmente leciona aulas de história da moda, estamparia e desenho de moda na Faculdade ESAMC Sorocaba e atua como estilista.