Conheça os sintomas do perfeccionismo no trabalho e quanto essa questão pode ser boa ou ruim no seu dia a dia
Por Lilian Sanches
Vivemos num mundo que cobra a perfeição a todo instante. O perfeccionismo tem sido valorizado, como comportamento esperado para se obter grandes resultados.
Não poste uma foto feia no Instagram, não ouse sair de casa sem ter arrumado o cabelo, sem estar com uma boa roupa. Seu filho tirou que nota na prova? Nove virou nota baixa. A perfeição aparece até nas entrevistas de emprego, quando perguntados sobre quais são seus pontos fracos e fortes, sempre aparece: perfeccionismo!
No ambiente profissional, competitivo, exigente e com foco em alta performance, é comum nos depararmos com pessoas que buscam cada vez mais a perfeição: não falhar, não cometer erros sob hipótese alguma e ainda mais – que vem e reveem cada tarefa realizada, buscando detalhes ínfimos a serem melhorados.
Precisamos ser perfeitos no trabalho, em casa, na sociedade, como pessoa, com a família.
E não apenas ser, é preciso mostrar que é.
E quando não se atinge esse alto patamar (fixado por quem, mesmo?) surge a frustração e a culpa!
Perfeccionismo no trabalho ajuda ou atrapalha?
Nas entrevistas de emprego há um paradigma que assombra entrevistadores e entrevistados. Afinal, um profissional ser perfeccionista é bom ou ruim para empresa e organização? Depende do ponto de pista? Não, depende dos limites, comportamentos e habilidades de cada um.
Há perfeccionistas que buscam tanta perfeição que interfere nas atividades de outros colegas de trabalho, ficam realizando a mesma tarefa várias vezes por dia ou semana, diminui a produtividade.
Por outro lado, há os perfeccionistas que usam essa característica a favor próprio. Conseguem dividir as tarefas, se relacionar e não perder tempo no que não tem muita habilidade, mas não abrem mão da eficiência das tarefas.
Primeira reflexão, se você vive nesta pilha pela perfeição:
O que te motiva a agir assim? O que realmente busca? O resultado ou a aprovação de terceiros?
8 sintomas da perfeição que pode estar te atrapalhando:
Você faz muito mais coisas para agradar aos outros do que porque realmente gostaria de ter feito.
Você passa muito tempo fazendo tarefas repetitivas, como organizar ou conferir coisas.
Constantemente você discute com as pessoas por elas terem feito algo diferente do que você esperava.
Você procrastina e não finaliza algumas atividades, achando que falta algo ou que poderia estar melhor.
Você é altamente crítico com o que faz.
Você leva tudo para o lado pessoal – mesmo quando o erro foi cometido por outra pessoa, você se cobra!
Você fica na defensiva quando é criticado.
Você nunca acha que cumpriu o seu objetivo plenamente, sempre falta algo.
O que é ser perfeccionista
Os perfeccionistas, por serem muito detalhistas, determinados e não descansarem enquanto tem trabalho pela frente, não por acaso acabam conquistando sucesso em suas carreiras. O grande problema é o preço que pagam por esse crescimento, que vem com muito trabalho árduo e autocobrança exacerbada.
Eu, perfeccionista que sempre fui e que a algum tempo resolvi aliviar e ter uma vida e carreira mais leve, vejo que esta busca pela perfeição é uma maluquice que tem deixado muita gente sobrecarregada e com sequelas físicas, mentais e emocionais. Nos sobrecarregamos, vamos até o limite e nunca conseguimos baixar a régua.
Na minha visão, a definição de prioridades, a melhoria contínua e o desenvolvimento constante, são fundamentais e substituem a síndrome da perfeição.
– O que é prioridade na sua vida, no seu trabalho?
Se é pra se esforçar em algo, que seja no que realmente te dê resultados.
– O que você faz hoje que pode fazer de outro jeito, com melhores resultados e com redução de tempo ou outros recursos?
Isso é melhoria contínua, é se provocar a fazer o que precisa ser feito, mas analisar onde pode melhorar.
– Quais são as suas potencialidades e como pode usá-las com o melhor proveito possível?
Insistir em ser bom no que somos ruins ou medianos dá muito mais trabalho, leva muito mais tempo e causa mais desgaste do que se especializar no que você faz bem. Invista em você. Desenvolva novos comportamentos, conheça novas tecnologias e processos.
Na vida real, fora dos livros de autoajuda, existem muitos erros.
Errar é humano, já dizia algum filósofo, e errar faz parte do processo de aprendizado. Isso se, quem errou, tiver resiliência – esta sim, junto com a capacidade de aprender constantemente, é uma competência que eleva a pessoa a novos e altos patamares.
Mudar, se adaptar, corrigir a rota, faz parte da vida, da carreira, do negócio de todos nós. Não tem planejamento bem feito que seja executado com perfeição.
Algo sempre sairá diferente, e assim, imperfeito quando comparado ao esperado.
A cobrança pela perfeição gera sentimentos autocríticos, de inferioridade, de incapacidade. Mina a autoestima e com ela o poder de superação e a coragem pra retomar o rumo.
Se você quiser ler mais sobre este tema, indico o livro A coragem de ser imperfeito, de Brene Brown.
Hoje vejo que é melhor ser imperfeita, e manter sempre a coragem de seguir em frente e dar o meu melhor.
Hoje melhor do que ontem, amanhã, muito melhor do que hoje.