Com 20,46 ct, o ‘Okavango Blue’ está sendo considerado o diamante azul de melhor cor e pureza do mundo
Por Erica Mendes
Um raro diamante azul descoberto em maio de 2018 na mina de Orapa, em Botsuana, pela estatal Okavango Diamond Company (ODC), está sendo considerado um concorrente à altura do icônico diamante Hope – atualmente exposto no Museu de História Natural do Instituto Smithsonian, em Washington, e avaliado em cerca de U$ 300 milhões.
Originado de uma pedra bruta de 41,11 ct e batizado de ‘The Okavango Blue’ (em homenagem ao Delta do Okavango, uma das paisagens mais famosas do país, reconhecida como Patrimônio Mundial pela UNESCO), o diamante de 20,45 ct é o maior exemplar de uma excepcional coloração azul já encontrado na região. Mas não é só o seu peso que está chamando a atenção dos especialistas em todo o mundo.
Segundo classificação do Gemological Institute of America (GIA), ‘Okavango Blue’ é um diamante de lapidação oval que tem cor fancy pela saturação do seu azul e pureza VVS2 (‘muito muito ligeiramente com inclusões’) ou seja, com apenas dois níveis abaixo de um diamante flawlless (totalmente ouro), suas inclusões são difíceis de serem visualizadas mesmo com lente especial de dez aumentos. Essas características de cor e pureza são as mais altas atingidas até hoje por um diamante azul.
“Nos meus 41 anos, trabalhei com muitos diamantes azuis, mas este é o mais importante que já vi por causa de sua cor incrivelmente espetacular”, disse o gemólogo Howard Bell, que compôs a equipe de quatro profissionais que lapidaram a pedra em Nova Iorque. “Meus primeiros pensamentos foram que este é um diamante excepcional, totalmente histórico, assim como o Hope”, completou.
Apesar do diamante Hope ser maior, com 45,52 ct, sua pureza foi classificada como VS1 (‘muito ligeiramente com inclusões’), quatro níveis abaixo de um flawlless, sendo suas inclusões mais facilmente vistas em uma ampliação abaixo de 10x. Considerando que quanto mais inclusões um diamante tiver, menor será o seu valor, a expectativa é que o Okavango Blue supere o valor do Hope. Segundo a ODC, o diamante africano será vendido no ano que vem após uma exposição. Ainda não há valor definido.
A raridade é outro fator que, somado aos 4C´s, contribui para a definição do valor das gemas. No caso dos diamantes azuis, eles são tão raros que, de acordo com especialistas, eles compõem apenas 0,02% do número de diamantes encontrados na natureza. “Apenas um punhado de pedras azuis semelhantes chegou ao mercado durante a última década, das quais o Okavango Blue legitimamente toma o seu lugar como um dos mais significativos”, disse Marcus ter Haar, diretor de operações da Okavango Diamond Company.”
Visualizar esta foto no Instagram.
Uma publicação compartilhada por Okavango Diamond Company (@okavangodiamondcompany) em
Os preços que os excepcionais diamantes azuis alcançam são realmente extraordinários: em 2016, um diamante azul de 10,10 ct, batizado de ‘De Beers Millennium Jewel 4’, foi vendido pela Sotheby’s, em Hong Kong, por U$ 31,8 milhões. Em maio de 2016, o ‘Oppenheimer Blue de 14,62 ct atingiu U$ 58,2 milhões na casa de leilões Christie’s, em Genebra, superando o ‘Blue Moon of Josephine’, de 12,03 ct, comercializado por U$ 48,4 milhões em novembro de 2015, também em Genebra, pela Sotheby’s.
De onde vem o azul dos diamantes?
A rara cor azul dos diamantes está associada a presença de traços de boro, elemento químico que ocorre como impurezas na rede cristalina do diamante. Quanto maior a presença do boro, mais intensa e vibrante será a tonalidade de azul.