Como o Small Data pode impulsionar ações de fim de ano no varejo priorizando a coleta de dados mais efetivos
Renato Carbone
Com o avanço da internet e da tecnologia, o volume de informações gerado cresceu de forma exponencial. As empresas foram obrigadas a entrar na era do desafio do Big Data, na qual a ordem é: gerar, armazenar, filtrar e analisar dados.
Mas, ao contrário do que se imaginava inicialmente, um volume alto de informações não é, necessariamente, útil para as empresas. Isto porque o contexto é importante. Ter o maior banco de dados possível, mas não saber o que fazer com ele, não vai ajudar no processo de tomada de decisões.
Para que isso aconteça, o que vem ganhando corpo nas empresas é o Small Data, ou em tradução livre, ‘pequenas informações’. Estamos falando de um recorte desse banco de dados que pinça os dados mais pertinentes e, em conjunto com a Inteligência Artificial, processa tudo em tempo real e traz respostas mais assertivas, com parâmetros e aprendizados constantes. Com o tempo, essas informações começam a ser preditivas, possibilitando que a tomada de decisão se antecipe ao resultado final.
Para épocas como o final de ano, na qual o varejo tende a investir mais em métodos para atrair a clientela a comprar, o Small Data pode ser de grande valia. Sempre que nos aproximamos de algum evento ou período no qual sabemos que haverá uma procura mais acentuada do nosso produto ou serviço, precisamos revisitar a nossa estratégia de tomada de decisão a partir de dados. O mais próximo destes eventos para o varejo é a Black Friday, que vem surpreendendo em resultados (para os varejistas e para os consumidores) e ganhando força a cada edição.
A própria essência do Black Friday – uma única sexta feira no ano com ofertas imperdíveis – já trouxe as pistas que deveriam auxiliar o varejo a restringir os dados que são avaliados neste período, pois a velocidade de manobra é de apenas 23h59 (nos e-commerces), ou menos.
De olho no 13º salário
Pensando ainda nos e-commerces, um dos KPIs (sigla em inglês para o termo Key Performance Indicator, que significa indicador chave de desempenho) que sofre drásticas alterações durante este evento, é o abandono de carrinhos. Em todos os outros períodos do ano, discute-se amplamente as estratégias e benefícios que o re-marketing impacta sobre este indicador. Mas como reverter um abandono de um produto temporariamente em promoção, que não estará disponível, pelo mesmo preço, nos próximos 365 dias?
Ao mesmo tempo que as estratégias para evitar esse abandono se restringem, outros KPIs ganham muito mais força nestas datas: através do Small Data, o varejista tem como captar o tempo de navegação do consumidor, as páginas que acessou, os produtos nos quais clicou, marcou como favorito, etc. No fim de ano, temos outro fator importante que é o 13º salário. Com mais dinheiro disponível por parte de quem compra, ticket médio, itens na cesta e outros dados ganham relevância – e, por isso, precisam de ações específicas para serem estimulados.
A mentalidade de Small Data pode ajudar o varejista a priorizar a coleta de dados mais efetivos para a tomada de decisão (caso ele hoje não colete dados ou colete poucos dados como, por exemplo, no caso das lojas físicas). Pensando no desafio para o fim do ano, o ideal seria o varejista elencar quais são ou qual é o KPI de negócio mais relevante. Depois desta experiência, o próximo passo é definir que outros KPIs podem ser agregados a este ciclo de avaliações. Ou ainda, qual dos índices chave de desempenho que já foram avaliados e que já estão sob controle, poderão ser terceirizados para que as máquinas tomem decisões e executem as correções de rotas necessárias? Desta forma, o empresário conseguirá extrair mais valor dos dados colhidos e terá mais possibilidade de transformá-los em vendas.
Renato Carbone é publicitário e gerente de planejamento na Valuenet Incentive Solutions