“Momentos’ no Instagram, experiências e realidade aspiracional como estratégias para interagir com o consumidor
Por Erica Mendes
As marcas que comunicam mensagens consistentes e autênticas em vários canais estão melhor posicionadas para criar valor a longo prazo. Criar um ‘momento’ no Instagram, abrir lojas pop-up experimentais e promover clientes reais são algumas das modernas estratégias de marketing.
A influência das celebridades até pode gerar conscientização, mas as marcas precisam descobrir como trabalhar com elas de maneira mais autêntica. E as mídias impressas (especialmente as revistas) e as televisivas (incluindo TV a cabo) ainda se beneficiam de orçamentos publicitários significativos, no entanto, hoje em dia, os consumidores têm mais poder do que nunca e podem interagir diretamente com as marcas que consideram dignas de seu tempo por meio de vários novos canais.
Crie um ‘momento’ no Instagram
Quando Jennifer Lopez fechou o desfile de primavera-verão 2020 da Versace com uma versão repaginada do icônico vestido que ela usava no Grammy Awards em 2000, a internet foi ao delírio. A ‘parceria’ oficial foi apresentada sutilmente, destacando a amizade de longo prazo entre Donatella Versace e Jennifer Lopez desde a morte de seu irmão Gianni Versace. Dessa forma, poucos questionaram o orçamento que a marca alocou para garantir o “momento Jennifer Lopez” da Versace.
Para Natalie Hughes, diretora da agência de mídia social The Fashion Digital, o momento da Versace funcionou porque aproveitou a nostalgia e a auto-referência.
Dê ao cliente uma experiência
O varejo experimental tem valor na era das compras online. Seja na forma de lojas conceituais ou pop-ups, elas ajudam as marcas a construir melhores relacionamentos com os clientes, estabelecer o reconhecimento da marca e se expandir para novas cidades com menos risco do que abrir uma loja permanente.
Em dezembro, a Canada Goose abriu uma loja em Toronto que não possuía estoque, mas apresentava um ambiente ártico imersivo de até -15 graus, nos quais os visitantes podiam entrar usando as roupas da marca mais apropriadas para aquela experiência.
A abordagem estratégica de varejo da Dolce & Gabbana de criar conceitos de design de interiores sob medida para cada loja, ao invés de um conceito padrão, provará ser bem-sucedida a longo prazo, especialmente se eles conseguirem manter o DNA da marca. Um dos principais pilares do DNA da marca está relacionado às suas origens italianas, com foco na Sicília, enaltecendo o estilo de vida siciliano (chamado pela D&G de ‘Italianita’).
A Tod´s criou um conceito exclusivo de design de varejo para uma nova loja em sua cidade natal, Milão. Apelidada de ‘Tod’s Studio’, ela é uma mistura sutil de sala de exposições, com móveis de luxo contemporâneos que, geralmente, não são encontrados em outras lojas da rede.
Venda ‘realidade aspiracional’
Publicar celebridades ou influenciadores que usam um determinado produto pode ter um impacto menor do que os clientes reais da marca, que devem ser incentivados a compartilhar seus ‘momentos’, exibindo suas aquisições. É muito provável que esses seguidores – que também se identificam como clientes – reconhecerão e incorporarão os principais valores da marca.
Engajamentos e discussões nas mídias sociais devem ter foco nas motivações da vida real, como a qualidade do respectivo produto ou, por exemplo, a sua coloração neutra que justifica o uso em mais de uma ocasião.
Seja desejável
Rosie Findlay, pesquisadora da London College of Fashion, enfatiza a “realidade aspiracional” como uma estratégia de sucesso para as marcas que ‘abraçarem’ o marketing que imita a vida cotidiana.
Segundo ela, em vez de entrar em uma loja e comprar um produto depois de ter lido sobre ele em uma revista, é mais razoável que o consumidor o localize no Instagram, pesquise o site da marca, busque mais referências no Google e depois o compre online ou em uma loja de sua conveniência.
Matéria adaptada e comentada do artigo publicado por Kati Chitrakrom para a Vogue Business.