Por Gabriel Moura
Já sabe da nova moda? Segundo observou a editora chefe da Vogue, Anna Wintour, a diversidade nas passarelas durante a temporada de primavera 2018 “já era regra, e não mais a exceção”. Segundo ela, essa tendência de usar modelos não-convencionais é um avanço não apenas dentro dos desfiles, mas também ganha espaço na forma como as empresas se comunicam com seu público por meio de catálogos, publicidade, desfiles e toda forma de material. “Temos a responsabilidade de estar em sintonia com os novos tempos e não persistir em retratar uma forma única de olhar as mulheres “.
Em entrevista à revista Paper, o diretor de seleção James Scully concordou que a temporada de desfiles foi a mais diversificada em todos os níveis. “Além de tamanho, cor e idade, houve uma grande exibição de meninas trans”, declarou. “Nem sei o que dizer, estou tão surpreso com a diversidade.” Ambos acertaram, pois os tempos estão mudando. Na primavera de 2018, a representação de raça, idade, corpo e transgênero teve seu auge, mas ainda há muito a ser feito.
A primavera de 2018 foi a temporada de desfiles mais racialmente diversificada: em 266 grandes eventos, foram 8.258 modelos nas passarelas de Nova York, Londres, Paris e Milão e destas, 69,8% eram brancas e 30,2% eram mulheres de cor. Houve um aumento de 2,3 pontos em relação ao outono de 2017, quando as modelos de outras raças representaram 27,9%.
Outra diferença é que esta foi uma temporada de diversidade de corpos. Foram 93 modelos plus size desfilando, contra apenas 30 na temporada passada e 16 na primavera de 2017. A visibilidade de modelos trans também é significativa. Para a primavera de 2018, havia 45, o maior número registrado desde que começaram a contabilizar esses dados, em 2015. Nos últimos tempos, tornou-se mais fácil para transgêneros entrar na indústria da moda, graças a ativistas como Hari Nef, Laverne Cox e Andreja Pejic.
As mulheres com mais idade também estão presentes. Na temporada passada, 21 modelos com mais de 50 anos estavam nas pistas de Nova York, Londres, Milão e Paris. Para a primavera de 2018, esse número aumentou para 27.
Quanto às marcas individuais, as consideradas mais inclusivas racialmente são Kenzo, Sophia Webster, Ashish, Chromat e TOme. Em junho, os designers da Kenzo, Humberto Leon e Carol Lim, fecharam a Semana da Moda Masculina de Paris com com um elenco asiático, por exemplo. A Sophia Webster, empresa britânica de acessórios, colocou oito modelos na passarela, dos quais seis eram de cor.
Historicamente, Nova York tem o melhor recorde de diversidade das quatro cidades e geralmente. Segundoi Wintour, há marcas que persistem em retratar o mesmo modo padrão de olhar para as mulheres. Muitos desses designers eram de Milão, entre eles Mila Schön, Laura Biagiotti e Giorgio Armani, que incluiu apenas modelos 3, 4 e 8% de modelos que não fossem brancos, respectivamente. E quatro marcas – Les Copains, Anrealage, Comme des Garçons e Undercover – não usaram nenhum modelo de cor.