Como a nova geração está redefinindo o luxo por meio de experiências autênticas e exclusivas

Por Tamara Lorenzoni*
O luxo mudou. O comportamento dos consumidores foi um dos responsáveis por um grande turning point no mercado de luxo. Os millennials e a Geração Z não compram mais apenas pelo nome da marca, mas pelo que ela representa. 78% dos millennials preferem investir em experiências em vez de bens materiais (BCG, 2024).
Menos ostentação, mais significado
O luxo discreto e privado deixou de ser uma tendência e se consolidou como um novo código de consumo.
Mais do que uma questão estética, essa mudança reflete um comportamento social: perfis fechados, experiências exclusivas e um consumo mais reservado estão redefinindo o que significa pertencer ao mundo do luxo.
Brainrot e o refúgio em um luxo mais discreto
Eleita a palavra do ano de 2024, brainrot reflete o esgotamento mental causado pelo excesso de informação e estímulos digitais. O consumidor de luxo, bombardeado por feeds acelerados, busca refúgio no consumo intencional e na exclusividade real.
O desejo já não está na exposição pública, mas na privacidade, criando uma nova relação com o luxo, na qual o acesso restrito supera a ostentação visível.
Das redes sociais para o offline
Menos exposição
Perfis privados, menos postagens e uma presença digital seletiva. O que antes era compartilhado publicamente agora acontece em círculos menores e mais exclusivos.
Exclusividade nas interações
O luxo não está mais em seguidores e curtidas, mas no acesso restrito e na curadoria de experiências.
Cansaço digital
Com a fadiga digital crescendo, consumidores buscam experiências offline que proporcionem um contato mais profundo com o momento presente.
O status não está mais no que se mostra, mas no que se vive. O futuro do luxo está na vivência autêntica e na sofisticação sem excessos, refletindo a necessidade de equilíbrio entre tecnologia e experiência real.
Mais do que nunca, luxo é sobre acessar o que poucos têm.
O luxo sempre esteve associado à exclusividade, mas hoje seu verdadeiro diferencial não está apenas na posse, e sim no acesso. O novo luxo se define pela exclusividade e curadoria de experiências que vão além da aquisição de bens materiais.
Clubes privados, conhecidos como third places, criam comunidades ultraseletivas, oferecendo acesso a um universo restrito e sofisticado. Mais do que produtos raros, o consumidor de alto padrão busca experiências e comunidades que reforcem sua identidade.
Nesse cenário, marcas que oferecem experiências únicas e inatingíveis para o público geral consolidam seu valor, reforçando que, no luxo contemporâneo, o que realmente importa não é ostentar, mas pertencer.
* Tamara Lorenzoni é empresária, mestre em Gestão de Marcas de Luxo pela Domus Academy Milano, bacharel e mestre em Relações Internacionais. Artigo para coluna Splah Uol.