Pesquisa realizada pela WGSN apresenta principais insights dos consumidores para os próximos anos
Gabriel Moura
O conhecimento sobre o consumidor é fundamental para o sucesso das empresas nessa nova era do consumo. Entender as tendências e demandas são essenciais para se manter competitivo no mercado. Para elaborar as estratégias para os próximos anos, nada melhor do que se informar sobre as influências que virão nos próximos anos.
A consultoria WGSN, líder mundial em previsão de tendências, a pedido da P&G, realizou uma qualitativa com sobre tendências relacionadas aos principais temas globais de comportamento dos consumidores (com foco em 2019 e 2020) e analisou movimentos, demandas e desejos dos consumidores relacionados aos assuntos-chave em questão. Após o mapeamento, foram selecionadas três tendências por pilar, considerando os assuntos mais relevantes.
Conheça abaixo os apontamentos da pesquisa, divididos pelos pontos-chave.
Sustentabilidade
Com base no guarda-chuva de sustentabilidade, o conceito “Sistemas ecossociais” foi considerado o mais importante para o futuro do Brasil. A grande maioria dos entrevistados avaliam que, no futuro, será essencial multiplicar as atitudes positivas e pensar na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e de energia.
A percepção dos participantes é de que o Brasil é abundante em recursos naturais, porém falta planejamento nas cidades e isso faz com que surjam práticas sustentáveis, principalmente, em pequenas comunidades. Para eles, a consciência já existe e começa em “microcosmos”, sendo as mudanças de hábitos que vem de dentro de casa as mais consistentes. Cinco em cada 10 acreditam fortemente que esse conceito será adotado em suas vidas, porém apenas três em cada 10 possuem a certeza que isso será o cenário do país.
Outra tendência mapeada pela WGSN para sustentabilidade é a de “um mundo pós-plástico”, onde fabricantes de produtos de limpeza e beleza buscarão soluções sem a utilização do material. A maioria dos entrevistados acredita que esse conceito será aplicado em suas vidas, mas poucos acreditam que é vivido hoje. Os consumidores pensam “além do canudo”, mas o desprendimento é difícil já que o plástico é altamente utilizado.
O terceiro conceito mapeado é o “descartáveis renováveis”, no qual o reaproveitamento de materiais não será mais nichado, sendo cada vez mais acessível a compra de produtos reutilizados.
Entre os três pilares, sustentabilidade foi considerado o mais importante para os entrevistados.
Diversidade
A segunda tendência considerada pelos entrevistados a mais relevante para os próximos anos no Brasil é “a nova maioria”, quando grupos antes marginalizados serão mais ouvidos, ganhando voz política. A percepção é de que a exclusão histórica de diversas minorias não é mais aceita, e a educação é chave para quebrar essas barreiras. Além disso, acreditam que esse é um movimento que começa entre os mais jovens e, hoje, já atinge os mais velhos.
As percepções se refletem no resultado da pesquisa, já que oito em cada 10 confiam que no futuro ele será aplicado em suas próprias vidas.
Outra tendência apontada pela consultoria, e que teve grande aderência por parte dos entrevistados, é que a “beleza fora do padrão” será cada vez mais aceita e, inclusive, usadas em campanhas de comunicação de grandes empresas. Os respondentes acreditam que as empresas estão se tornando cada vez mais responsáveis por “levantar a bandeira da diversidade”.
“Faz sentido e já está acontecendo. Está acontecendo porque é uma necessidade, eu acho
que, sobretudo na ideia do feminino, as mulheres estão clamando por isso, porque é escravizador o padrão”, afirma um dos entrevistados.
O último conceito é de que as pessoas passarão a aceitar mais as suas falhas, adotando o posicionamento de “os imperfeccionistas”. A quebra dos padrões estéticos ganha força, principalmente, entre os mais jovens, que enxergam imperfeições e defeitos como traços que reforçam a personalidade.
Família
Dentro do pilar de família, o conceito que se destacou é o de “co-parenting”, ou seja, menos casais e mais duplas. No futuro, a criação dos filhos ampliará o número de configurações possíveis. Isso se deve, principalmente, ao fato de os millennials estarem redefinindo o significado da paternidade, sendo a principal geração a enraizar a ideia da educação em conjunto.
Para os entrevistados, os modelos não-tradicionais de família estão presentes há muito tempo, mas só vem ganhando projeção nos últimos anos, e os estereótipos de gênero, enraizados no cotidiano, começaram a se diluir.
Os entrevistados acreditam fortemente que as outras duas tendências mapeadas serão realidade no Brasil: “Pais conectados”, que buscam trocar experiências e aprendizados online, e a “maternidade real”, mais humanizada – com seus desafios abertamente discutidos.