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Por que a Geração Z é tão fascinada pelos anos 2000, uma época que mal conheceu?

Por que a Geração Z é tão fascinada pelos anos 2000, uma época que mal conheceu?

Por que a Geração Z é tão fascinada pelos anos 2000, uma época que mal conheceu?

Consumidores jovens idealizam um passado que mal conhecem, em busca do sentimento de nostalgia, para se afastarem dos problemas dos anos 2020

Foto de arquivo do grupo indicado ao Grammy, Destiny’s Child, se apresentando. Foto AFP

Eles têm entre vinte e trinta anos. Cresceram nos anos 2000, mas têm poucas lembranças dela. No entanto, a Geração Z gosta de atualizar a estética daquela década, apelidada de “Y2K”. Ser cool no início dos anos 2020 também significa abraçar a moda e a cultura pop de uma época idealizada pela juventude.

Desde a pandemia, a Geração Z (pessoas nascidas entre 1995 e 2010) ficou fascinada por uma época, os anos 2000. No Tik Tok, a hashtag “Y2K” acumula 5 bilhões de visualizações. No Instagram, muitas contas são especializadas no assunto. Entre os mais seguidos: boshbabexoxo (153.000 seguidores), velvetcoke (1,7 milhão de seguidores), 2000beachbunny (254.000 seguidores). O ressurgimento dos anos 2000 se mistura com a cultura pop atual, e a estética da década permeia desde a moda e a música até a televisão, principalmente as séries.

Reciclando o efeito Y2K

Calças de cintura baixa, calças largas, tops curtos, saltos, estampas ultracoloridas, tops tomara-que-caia… essas peças representativas da estética Y2K já não são tão raras no guarda-roupa da Geração Z. Usadas na época por Britney Spears, Christina Aguilera, Paris Hilton e Jennifer Lopez, musas que ainda hoje são adoradas, estas peças ganham uma nova vida graças a esta nostálgica Geração Z… e eco-responsável. Esse fenômeno foi favorecido pelo surgimento de brechós, lojas e segunda mão e roupas vintage. Nos Estados Unidos, a Geração Z comprou cerca de 1,4 bilhão de roupas de segunda mão em 2022, um aumento de 40% em um ano, de acordo com o último relatório da ThredUp. Dois em cada cinco itens em seus armários são de segunda mão. E mais de oito em cada 10 americanos da Geração Z (83%) compraram ou estão abertos à ideia de comprar uma roupa que já foi usada por outra pessoa.

Este retorno ao passado trouxe de volta marcas cult dos anos 2000, como Von Dutch, Juicy Couture, Miss Sixty e Ed Hardy. Também trouxe de volta o desejo de usar strass e lantejoulas, borboletas e cores ultravitamínicas, cabelos bicolores, coques espetados (em que as pontas ficam para fora do coque para dar um ar espetado), cortes de cabelo borboleta, tranças afro com miçangas ou tranças francesas (em que meia mecha é trançada). A Geração Z aposta no glamour, exuberância e ousadia desta década, um estilo festivo que parece faltar à sua época, com a ajuda de influenciadores e estrelas da atualidade, como as cantoras Dua Lipa e Olivia Rodrigo, e as modelos Bella Hadid e Hailey Bieber.

O efeito consolador

Longe de apenas copiar o visual do Y2K, a Geração Z está nostalgicamente imersa na música, na tecnologia e na televisão da época, à sua maneira. Esta geração está (re)descobrindo muitos dos principais entretenimentos da época. Lembre do núcleo da moda Rom-Com do ano passado, que consistia em se vestir como as heroínas das comédias românticas dos anos 2000. Isso alimentou a popularidade repentina de filmes como “De Repente 30”, “Como Perder um Homem em 10 dias” e “Meninas Malvadas”. Esses filmes se tornaram referências atemporais da cultura pop para a Geração Z e são regularmente citados em conteúdos postados nas redes sociais. Eles também gostam de citar o reality show “The Simple Life”, estrelado por Paris Hilton e Nicole Richie, que abriu caminho para o reinado da família Kardashian. As Kardashians se divertem muito pegando seus bordões e transformando-os em memes nas redes sociais. Há também sitcoms da Disney, como “Lizzie McGuire”, “Raven” e “Hannah Montana”, estrelado por Miley Cyrus, que muitos consideram a era de ouro do canal de entretenimento infantil, e as inúmeras reprises e reboots de séries daqueles anos (“Gossip Girl”, “Gilmore Girls”, “Charmed”, “Step Up”, etc.).

“Estudos mostram que assistir a um programa de televisão relacionado à infância age como um tranquilizante, nos faz sentir melhor”, explicou Emmanuelle Fantin, professora e pesquisadora da Sorbonne, em artigo publicado no site canadense La Presse. Para explicar o fascínio da Geração Z pelos anos 2000, muitos especialistas citam o efeito ‘nostalgia’.

Esses jovens idealizam um passado que mal conheciam. Este efeito não é exclusivo desta geração, mas uma sociedade em crise muitas vezes desperta um sentimento de nostalgia ainda maior. E, nesse sentido, a Geração Z tem a sensação de viver sua juventude em um contexto de crise sanitária, econômica e ambiental. Para eles, os anos 2000 seriam sinônimo de exuberância, festas e otimismo, muito longe da ansiedade e do pessimismo dos anos 2020. Mas se idealizam o passado, estão conscientes ou inconscientemente levando apenas o melhor dele. Porque não vamos esquecer que a década de 2000 também foi a década dos ataques de 11 de setembro, das guerras no Iraque e no Afeganistão, da crise financeira global e do tsunami no Sudeste Asiático.

Fonte: AFP.

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