Segundo Luciana Marsicano da Tiffany & Co., ‘metal é o que mais brilha’
Marcia Disitzer / O Globo
Nem tudo que reluz é ouro. A boa-nova para quem está em busca de luxo acessível é a ampla variedade de joias de prata existente no mercado. São colares, pulseiras, brincos, anéis e braceletes que associam design e estilo a preços possíveis. Tudo a ver com o Rio.
A emblemática joalheria Tiffany & Co. — que foi eternizada no filme “Bonequinha de luxo”, de 1961, graças à cena em que a personagem Holly Golightly, interpretada por Audrey Hepburn, desembarca do táxi e fica admirando a vitrine da loja na Quinta Avenida — investe na pureza da prata de lei desde o século XIX.
— Para a Tiffany, não é um metal menor. Entre todos, é o que mais brilha e demanda manutenção — diz a paulistana Luciana Marsicano, diretora da empresa no Brasil.
Segundo a executiva, a prata ainda não tem o reconhecimento merecido no país:
— Grande parte das brasileiras enxerga como joia só o ouro amarelo; é mesmo uma questão cultural. Mas, para a Tiffany, o que importa é o design. Vale lembrar que a grife não nasceu em 1837 como joalheria, e sim como loja de presentes finos, onde eram vendidos serviços de mesa e pratos de prata. Nos anos 1970, a designer italiana Elza Peretti desenhou joias de prata com um singelo diamante e a icônica pulseira Bone. Dessa maneira, pensou em clientes que não podiam comprar peças monárquicas. Ela mudou a joalheria ao trazer um olhar contemporâneo.
E é esse foco contemporâneo que vem ganhando cada vez mais espaço na Tiffany e em todo o mundo. Nas coleções Return To Tiffany, HardWear e Tiffany T, várias peças-desejo, como a corrente com dois corações e as pulseiras com charms , podem ser encontradas em ouro e também em prata.
— O pulseirismo está superforte e mistura várias referências. Vale mixar no mesmo pulso pulseiras de metais variados com uma fita do Senhor do Bonfim, por exemplo. Dez anos atrás, isso não era visto. Hoje, o estilo conta mais do que o metal — diz ela.
O joalheiro Antonio Bernardo acredita no poder da prata desde os anos 1970.
— Como todo designer, quando jovem, comecei minha carreira fazendo joias de prata. Hoje, tenho visto um crescente interesse dos clientes por esse material. Devido às suas características como metal, permite que eu faça pátina, como recurso para criar interessantes efeitos ópticos de claro e escuro — afirma ele.
Para a designer Lara Mader, que está à frente do coletivo Joyá, o futuro é prata:
— Na Joya, 90% das joias são de prata. É isso que as jovens querem. Assim podem usar todo dia uma peça diferente. Desejam variedade para trocar de brinco e de pulseira como quem troca de roupa. A prata também é mais versátil e pode ser misturada com materiais alternativos, como madeira. Além de ser mais acessível e adequada à cidade devido à violência.
Entre as peças tem-que-ter, estão as pulseiras, que podem ser usadas e misturadas em abundância, a choker, os ear cuffs, maxibrincos e anéis de personalidade.
— A joalheria acompanha a moda — diz Lara. — A prata é mais atual e democrática. Antigamente, usar joias era uma questão de status, isso era o mais importante. Hoje é uma questão de estilo.
A prata é o metal da vez.