Foram 406 toneladas de ouro extraídas no país no período, totalizando mais de R$ 70 bilhões, sendo que 60% do mineral vem de Minas Gerais
Márcio Neves, do R7
O Brasil é historicamente um grande produtor de ouro, nos últimos cinco anos foram minerados 406 toneladas do metal precioso, segundo dados da ANM (Agência Nacional de Mineração) levantados a pedido do R7. Significa que o país produz, em média, 81,2 toneladas por ano.
A quantidade é equivalente para que cada um dos dos 209 milhões de habitantes brasileiros tivesse 2 gramas de ouro no bolso. Cada grama do ouro foi cotado na última segunda-feira a R$174,56, somando mais de R$ 70 bilhões. Na média, a extração de ouro no país movimenta R$ 14,2 bilhões por ano no Brasil.
A maior parte deste ouro sai das montanhas de Minas Gerais, de onde é retirado mais de 60% do metal no Brasil, seguido por Goiás e Bahia.
Ainda segundo dados da ANM, duas empresas concentram 51% da extração de ouro no Brasil. A principal é a canadense Kinross, a outra é a sul-africana AngloGold. Os pequenos garimpos, por sua vez, correspondem a cerca de 10% da produção no país.
Segundo o Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), grande parte deste ouro é exportado para outros paises. Os principais compradores são a Alemanha, que comprou, em 2018, cerca de 20% do ouro minerado no país, seguido pelo Reino Unido e pela Suíça.
Apesar dos números expressivos, o potencial de extração de ouro brasileiro ainda é desconhecido. “É necessário investimentos para que o país conheça melhor seus recursos geólogicos e melhore a segurança jurídica para quem for fazer a exploração”, diz Wilson Brumer presidente do Conselho Diretor do Ibram.
Apesar dos números de extração de ouro no país serem impressionantes, há ainda o mercado ilegal, tanto de extração como de comércio do metal precioso.
Não há números atualizados precisos sobre este comércio, mas, por exemplo, na semana passada, por exemplo, a Polícia Federal e a Receita chegaram a apreender mais de R$145 milhões com pessoas ligados a um esquema de extração e comércio ilegal do produto para lavagem de dinheiro.
“A extração ilegal tem uma série de riscos, que vão desde as condições insalubres, os riscos ao meio ambiente chegando até o destino deste ouro”, lembra Brumer, que ressalta que o país ainda precisa aperfeiçoar muito o combate ao garimpo ilegal.
No começo do mês, um avião com mais de 100 kg de ouro foi apreendido em Goiás, uma carga que valia mais de R$ 18 milhões e não tinha nenhum registro de procedência.
Segundo a Polícia Federal, quem extrai ouro sem a devida autorização da União pode ser indiciado por usurpação de matéria-prima, pois, mesmo que você extraia o ouro em uma propriedade privada, é necessária uma autorização do governo para que o mineral possa ser retirado e vendido.
Apesar de parecer óbvio, boa parte desse ouro não virá joias ou lingotes que “valem mais do que dinheiro”, em um popular jargão de um apresentador de televisão brasileiro.
Atualmente, o ouro é utilizado também em componente eletrônicos de celulares, computadores, além da área hospitalar e odontológica e até mesmo em itens da construção civil.
Só para ter uma ideia, segundo um estudo da União Europeia, cada aparelho de celular possui cerca de 26 miligramas de ouro, um computador ou um notebook pode chegar a ter até 1 grama de ouro em seus componentes.