Com aumento na demanda em um mercado que vale US$ 6,5 bilhões, marcas brasileiras e gringas apostam em acessórios mais arrojados e sofisticados para os homens
Por Giovanna Simonetti*
Se por muito tempo relógios e colares de corrente foram a expressão máxima da estilização masculina entre os acessórios, o cenário atual das joias para homens não poderia ser mais diferente.
Com a moda cada vez mais liberta dos padrões para eles — em um movimento inspirado por famosos fashionistas, como Harry Styles, Lil Nas X e Jared Leto —, marcas (das mais tradicionais às independentes) têm apostado em peças mais modernas e ousadas, com pedras preciosas, cores diferentes e brilhos, se apropriando de estilos e materiais tradicionalmente considerados femininos.
A aposta das joalherias, no entanto, não é cega e sem motivo. O mercado de joias masculinas tem se mostrado (bastante) promissor: em 2021, o setor foi estimado em US$ 6,5 bilhões, uma alta de 17% em comparação ao ano anterior, de acordo com dados da consultoria Euromonitor International. De 2015 até 2020, a taxa de crescimento anual foi de 3%.
“O segmento [de joias masculinas] vem crescendo com força nos últimos anos, acompanhando mudanças no comportamento dos homens. A moda masculina tem se tornado mais inclusiva e diversificada, permitindo que eles explorem e experimentem com acessórios de forma mais aberta e sem restrições tradicionais”, afirma Roseli Duque, membro do Conselho do IBGM (Instituto Brasileiro de Gemas de Metais Preciosos). “Eles estão cada vez mais interessados em acessórios que complementam seus looks e reforcem sua individualidade”.
Entre a variedade de joias para eles, de anéis à broches e abotoaduras, a predileção é por colares e pulseiras, aponta o IBGM. A maioria das peças é comprada direto pelo consumidor, e não dadas de presente, como é mais habitual para elas — indicativo de que há uma busca e esforço ativos do público masculino para incluir mais acessórios em seus trajes. As alianças de compromisso, especialmente as joias de prata, também apresentam aumento nas vendas para homens, indica o instituto. “Joias estão sendo usadas como formas de autoexpressão, adicionando um toque de sofisticação e estilo”, completa Roseli.
Seguindo a tendência, a indústria antes muito focada nas mulheres — apenas 5% a 10% dos produtos de uma joalheria são para homens, diz o IBGM — começou a dar passos para incluir o novo público. É o caso da Tiffany & Co., por exemplo, que no final de 2022 lançou sua primeira coleção totalmente masculina, com cerca de 100 itens de lifestyle para eles, entre joias e acessórios.
No Brasil, a joalheria artesanal Julio Okubo começou a trabalhar em peças masculinas com uma gema tradicionalmente feminina: a pérola. “Os homens estão se expressando cada vez mais através de joias com pérolas e estamos muito animados em incorporar esse nosso DNA na nova coleção masculina”, afirma Maurício Okubo, vice-presidente da marca paulistana, que viu um aumento notável na demanda por joias masculinas nos últimos anos.
A nova linha, prevista para o segundo semestre deste ano e que promete trazer designs inéditos para o mercado brasileiro, não é a primeira empreitada da joalheira no universo masculino. Em 2017, ela lançou uma coleção com o estilista Amir Slama de peças usando materiais como prata, couro, diamantes negros, jades e ônix. Agora, Maurício quer ir além, trazendo modelos de luxo mais arrojados e versáteis. “A noção tradicional de moda masculina evoluiu, adotando uma abordagem mais inclusiva e expressiva. Como resultado, os homens estão cada vez mais abraçando a oportunidade de acessórios e adornos com peças de joalheria requintadas”, diz ele.
Outra marca nacional que estreou no segmento é a Aramis. Já inserida no universo da moda masculina, a empresa decidiu investir em uma linha de joias, lançada em maio. A primeira coleção chegou ao mercado com 16 peças em prata. “Estamos em constante movimento para nos antecipar às principais tendências de consumo do mercado masculino. Vimos no setor de joias uma oportunidade de transcender o vestuário, complementando a nossa categoria de sortimentos e ganhando capilaridade e relevância”, diz Richard Stad, CEO da Aramis.
*Giovanna Simonetti para Forbes