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Conheça Carlos Penna, designer mineiro que produziu acessórios de Odete Roitman, de ‘Vale Tudo’

Conheça Carlos Penna, designer mineiro que produziu acessórios de Odete Roitman, de ‘Vale Tudo’

Conheça Carlos Penna, designer mineiro que produziu acessórios de Odete Roitman, de ‘Vale Tudo’

Desde 2015, ele apresenta joias autorais, carregadas de criatividade e ousadia, tal qual uma obra de arte

Designer mineiro Carlos Penna aposta na experimentação. Foto: Ester Mendes/divulgação

Por Laura Maria*

É um acessório ou uma pequena obra de arte? Não seria incomum se fazer esta pergunta ao bater os olhos nas peças de Carlos Penna. É que as joias produzidas pelo mineiro de Ipatinga são tão cheias de criatividade e ousadia, que poderiam tranquilamente passar por esculturas em miniatura.

Cada brinco, pulseira, colar ou anel carrega uma identidade própria, com formas inusitadas, misturas de materiais e um olhar apurado para o design autoral. Tamanho esmero chamou a atenção dos produtores do remake “Vale Tudo”, que convidaram Penna para produzir joias para ninguém menos que Odete Roitman (Debora Bloch), vilã ambiciosa da novela das nove da TV Globo, que tem uma das características desprezar o que não seja único.“A produção da novela entrou em contato comigo para que eu pudesse criar algumas peças inspiradas na Odete, especialmente os broches, acessórios que gosto muito. A maioria dos modelos são exclusivos e não têm no nosso catálogo”, destaca. Os produtores gostaram tanto do que viram que buscaram peças para outras personagens da novela, como Maria de Fátima (Bella Campos) e Celina (Malu Galli).

A jovem vilã usa anéis em todos os dedos, que, juntos, dão uma sensação de um movimento dourado. O acessório, aliás, já virou objeto de desejo, a ponto de cópias estarem sendo reproduzidas e vendidas na internet e em lojinhas de bijuteria.

De primeira, Penna ficou receoso com as reproduções, especialmente porque “existe uma cerca dificuldade em conseguir patente”, mas acabou percebendo que era algo inevitável. “O acessório acabou virando o ‘anel da Bella Campos’, mas só o nosso é o original, as diferenças são evidentes”, ressalta. 

Mas “Vale Tudo” não foi a primeira produção audiovisual a colocar as joias de Carlos Penna na TV. Ele também produziu peças para outra novela da Globo que está no ar, a “Dona de Mim”, além de outros folhetins, como “A Dona do Pedaço”, “Verdades Secretas” e “Travessia.” Recentemente, o designer elaborou 90% das peças de Lola, personagem de Camila Pitanga, em “Beleza Fatal”, novela da plataforma Max.

“Os brincos da Lola carregam uma personalidade própria”, acentua Penna. As aparições nos folhetins acabaram colocando as peças de Penna ainda mais em evidência. “A procura aumentou, como broches e brincos. Eu acho incrível pensar que a Odete Roitman, por exemplo, jamais usaria marcas brasileiras. Ganha uma proporção muito grande, especialmente quando os acessórios são usados por personagens icônicos como é o caso dela”, destaca o mineiro.

Além de personagens de novelas, muitas personalidades usam suas peças no cotidiano, dentre as quais Xuxa, Ludmilla, Pablo Vittar, Alice Carvalho e Vera Holtz. Esta última, a propósito, conheceu as peças de Carlos Penna na loja em Belo Horizonte, durante passagem na cidade com o espetáculo “Ficções.” “Ela veio na loja durante três dias. Era engraçado, porque, no fim das contas, ela já estava até vendendo os acessórios”, conta, entre risos.

A inspiração para a produção das peças únicas foi gestada quando Penna sequer pensava em se tornar designer. Sua primeira escolha profissional foi a arquitetura, curso que seguiu até o sexto período. Depois, o mineiro foi para a moda e se especializou em design de acessórios. Ao começar a produzir seus primeiros trabalhos, veio à tona todo o conhecimento apreendido na arquitetura.“O acessório, na verdade, flerta mais com a arquitetura do que com a moda em si, porque existem vazios, linhas…”, observa. Durante a faculdade de moda, Penna já sabia que gostaria de trabalhar com joias. “Fui me pautando neste caminho, mesmo com certa dificuldade, porque, na época, o curso era mais focado no vestuário”, relembra.

Em 2015, a Carlos Penna surgiu enquanto empresa. Logo no primeiro ano de fundação, o designer ganhou um prêmio de empresa tendência e desfilou pela primeira vez Minas Trend, algo que se repetiu mais 30 vezes. Seu nome foi crescendo e, até a pandemia, já tinha chegado em 80 lojas. Mas Penna percebeu uma certa trava.

“Nosso foco era o atacado, mas o nome não crescia junto. Foi então que dei um passo para trás e restabelecemos o nome. Abrimos nossa loja em Belo Horizonte, no Serra, e outra em São Paulo, no Pinheiros”, relembra. O negócio deu certo, e a marca expandiu.

Na semana passada, Penna abriu seu terceiro espaço, o segundo em São Paulo, desta vez no centro. Trata-se de uma loja conceito, com 320 m², que vai funcionar também como espaço de exposições. A fábrica da Carlos Penna fica em Ipatinga, sua cidade-natal, de onde não pensa em se mudar jamais. “Há pessoas lá trabalhando comigo há muito tempo. Há pouco, passamos por uma reestruturação e nos mudamos para um espaço maior”, afirma.

Experimentação de materiais

Para fabricar suas peças, Carlos Penna aposta na experimentação de materiais diversos. Recentemente, desenvolveu o que ele chamou de pedra têxtil. “Ela nasce da trituração de restos de tecido, moldada em uma forma, que recebe alguns minerais que dão brilho a ela. A pedra têxtil é muito leve, o que permite criar peças grandes com o mínimo de peso. Existe muita pesquisa de materiais”, comenta. Todos os anos, ele apresenta um ou dois materiais novos em suas peças, mas sem o peso de uma obrigação.“Hoje, entendo que um material pode ser mais explorado, que pode continuar sendo usado até que a gente descubra novos usos, novas historinhas. No nosso ateliê, acontece muita pesquisa e não temos mais pressa de lançar. Esperamos entender como o material vai se comportar para depois soltá-lo, criando outras narrativas a partir dele”, aponta.

A madrepérola foi outro material explorado por Carlos Penna. “Elas são finíssimas e ficam muito quebradiças, então é preciso um olhar cuidadoso”, comenta.

Celebrando uma década de marca, Carlos Penna acabou de lançar uma coleção, a Tilt. “A coleção marca os 10 anos da marca. Não se trata apenas de revisitar o passado, mas de criar novas historinhas para cada tipo de mulher Carlos Penna. Foi um movimento de voltar atrás, mas com um olhar completamente novo, inclusive em termos de imagem. Saímos um pouco da nossa zona de conforto. É uma coleção que me deixa muito feliz, e junto com ela vêm coisas bem legais”, diz.

*Laura Maria para O Tempo

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