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Lazy Job: nova tendência da Geração Z para o mercado de trabalho

Lazy Job: nova tendência da Geração Z para o mercado de trabalho

Lazy Job: nova tendência da Geração Z para o mercado de trabalho

A criadora do termo “lazygirlsjob” e especialistas falam sobre suas expectativas com relação ao futuro do modelo de trabalho

Imagem de Freepik

Depois da onda do ‘Quiet Quitting’ – ou demissão silenciosa, em que profissionais defendiam limites bem estabelecidos entre trabalho e vida pessoal, fazendo apenas o que é esperado na função ocupada e nada de hora extra – está surgindo uma nova tendência, batizada de “Lazy Job” – em tradução literal significa “trabalho preguiçoso”, que demanda pouco e que permite uma atuação mais tranquila.

O termo ganhou holofotes depois de viralizar no Tik Tok com a post de Gabriele Judge, uma americana de 26 anos, que nomeou o seu trabalho como #lazygirlsjob, estimulando suas seguidoras a buscarem trabalhos menos estressantes, remotos e bem remunerados.

Embora seja um termo novo, esse modelo de trabalho já existe, tendo ganhado força durante a pandemia, e retrata a exigência de muitos profissionais como: trabalho com horários flexíveis (de preferência remoto ou híbrido), bons salários, atividades menos estressantes e equilíbrio entre o trabalho e vida pessoal a fim de sobrar tempo para cuidados com a saúde física e mental e outras atividades.

Uma reportagem da revista EXAME traz a opinião da influenciadora Gabrielle Judge e de especialistas sobre as expectativas com o futuro do trabalho. Confira os principais pontos:

A origem do nome “Lazy Job”

Formada em Ciências da Computação e empregada (desde antes da pandemia) em uma empresa que oferecia ótimos benefícios, a americana estava incomodada com alguns fatores. “Todos nós percebemos que nossos trabalhos não levam 8 horas para serem realizados e muito do tempo ocupado no escritório não é produtivo. Me vi em uma sala separada fazendo reuniões online o dia todo. Percebi que os deslocamentos ocupam muito do meu tempo pessoal e que a flexibilidade do trabalho remoto ajudava muito na minha produtividade.”

A mudança de trabalho:

Em menos de um ano, a americana deixou o emprego para investir em seu próprio negócio. Apostou no modelo de trabalho totalmente remoto que ela mesmo nomeou como “Lazy Girls Job”. “A tendência do ‘Lazy Girls Job’ é uma mentalidade. Cada um tem a sua própria opinião sobre o que é um excelente trabalho flexível e o que o equilíbrio entre vida profissional e pessoal significa para si,” afirma Gabrielle.

“Lazy Job” não é só para mulheres

“Meu conteúdo parece um conselho de carreira, mas na verdade são dicas sobre finanças. O dinheiro é um assunto delicado para todos. Portanto, mantenho meus conhecimentos e experiências autênticas compartilhando minhas próprias experiências femininas. Minha comunidade é 70% feminina, então, há outros gêneros além do feminino incluídos em minha comunidade hoje, e certamente essa tendência pode valer para todos.”

Sobre o futuro do trabalho, no olhar da influenciadora 

“A geração mais jovem está interessada em progredir através da aprendizagem de novas competências e da procura da melhor oferta de emprego. Isso vai contra o status quo tradicional, então há muitos sistemas de crenças que você precisa reconstruir para ingressar no estilo de vida profissional de um “Lazy Job”. É por isso que faço tanto conteúdo sobre isso e nunca fico sem ideias.”

Em qual cenário surge a tendência “Lazy Job”?

Para a coaching executiva Milena Brentan, “enquanto uns falam que foi uma geração muito mimada pelos pais, outros defende mais qualidade de vida”. Independente do ponto de vista, para a profissional é necessário olhar essa tendência com curiosidade. “A geração Z são ativos digitais. Eles nascem olhando para si nas redes sociais e no ambiente físico de uma maneira só. É uma geração que nasceu em um cenário de pandemia, crise de meio ambiente e hídrica, guerras, sem contar todos os avanços da tecnologia…. O “Lazy Job” não necessariamente vai ser bom ou ruim, é uma tendência que precisa ser refletida, afinal cada geração provocou uma disrupção de comportamento no mercado de trabalho”, afirma Brentan.

Quais foram as disrupções das gerações no ambiente de trabalho?

“Dizer que o ‘Lazy Jobs’ é um comportamento de uma geração muito mimada, é muito simplista. É preciso considerar o contexto no geral. Lideranças e executivos de RH precisam avaliar como podemos fazer para que essas gerações trabalhem cada vez melhor”. Segundo Brentan:

  • Baby Boomer (1945 a 1964):“A Geração Baby Boomer era conhecida por sua fidelidade ao trabalho e por se manter em um único emprego por longos períodos.”
  • Geração X (1965 a 1984):“Com o mercado de trabalho evoluindo com novas formas de trabalho e mais prosperidade econômica, a Geração X começou a questionar a ideia de uma carreira vitalícia em uma única empresa. Autossuficiência e flexibilidade foram valores importantes para essa geração.”
  • Geração Y – Millennials (pessoas 1985 e 1997):A Geração Y era menos propensa a ficar a vida inteira em um único emprego, procurando colaboração e feedback constante dos gestores. A instabilidade econômica era menor, permitindo mais liberdade de escolha na carreira.”
  • Geração Z (1990 até meados dos anos 2010):“A noção de ter um único emprego para a vida toda definitivamente não é mais a norma, e a Geração Z busca constantemente se reinventar e se destacar.”

Quais são os pontos bons e ruins dessa nova tendência?

“É perceptível que os conceitos como ‘Quiet Quitting’ e ‘Lazy Job’ representam diferentes respostas dos profissionais a desgastantes anos de trabalho e demandas intensas, assim como um reflexo da entrada da geração Z no mercado de trabalho”, afirma Vitor Silvério, gerente sênior de parcerias estratégicas na Robert Half. Mas como todo modelo de trabalho, ele reforça que é preciso identificar os pontos negativos que essa tendência pode gerar ao mercado e ao profissional como: estagnação profissional, afetando a motivação (a falta de ambição inibe crescimentos na carreira) e ausência de dedicação, impedindo o desenvolvimento de novas habilidades e competências (tão valiosas a longo prazo).

Todos os profissionais se identificarão como o modelo “Lazy Job”?

Para Silvério, não são todos que irão aderir ao ‘lazy job’. “Muitos ‘Millennials’ poderão adotar esse modelo, porque são pessoas que chegam em um momento de vida que querem mais cuidar da família e da sua saúde. Por outro lado, há líderes que desempenham melhor no modelo mais tradicional e existem funções que precisam ser feitas presencialmente.”

*Com informações do texto de Layane Serrano para Exame.

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