Essa estratégia silenciosa está ganhando força nas companhias – que conseguem reduzir custos enquanto engajam funcionários

Por Layane Serrano*
Com o mercado de trabalho cada vez mais dinâmico e os orçamentos mais apertados, uma prática silenciosa tem ganhado espaço dentro das empresas: o ‘quiet hiring’. A estratégia consiste em movimentar profissionais internamente para ocupar posições estratégicas, sem abrir novos processos seletivos.
Segundo a ABRH-SP (Associação Brasileira de Recursos Humanos – São Paulo), a abordagem vem sendo cada vez mais adotada como alternativa eficaz para reter talentos, reduzir custos e aumentar o engajamento. “O quiet hiring permite que as empresas aproveitem melhor seus próprios recursos, ao mesmo tempo em que oferecem oportunidades de crescimento e desenvolvimento profissional para seus times”, afirma Eliane Aere, presidente da ABRH-SP.
O que é “quiet hiring”?
Diferentemente de uma reestruturação tradicional, o ‘quiet hiring’ é uma movimentação planejada, que foca na valorização dos talentos já existentes.
Em vez de buscar novos profissionais no mercado, as empresas identificam funcionários que podem assumir novas responsabilidades ou migrar para áreas mais estratégicas.
O que a empresa ganha com o olhar interno?
Entre os principais benefícios de a empresa apostar no ‘quiet hiring’, a presidente da ABRH-SP destaca:
- Maior retenção de talentos: funcionários se sentem reconhecidos e motivados ao perceberem oportunidades reais de evolução na carreira;
- Otimização de custos: a empresa evita os gastos com recrutamento, seleção e treinamento de novos funcionários;
- Mais agilidade e competitividade: a realocação rápida de profissionais permite uma resposta mais eficaz às demandas do negócio.
Apesar das vantagens, a estratégia requer atenção para não gerar sobrecarga ou frustração, afirma Aere. “É fundamental que o processo seja estruturado e transparente, garantindo que os profissionais realocados estejam preparados para os novos desafios”.
Como aplicar o “quiet hiring” na empresa?
Não existe necessariamente um passo a passo para colocar em prática o ‘quiet hiring’, mas há algumas iniciativas que podem ser consideradas pelo RH e lideranças para aplicar com sucesso
- Mapeamento de habilidades internas: para identificar competências e o potencial de crescimento dos colaboradores;
- Investimento em qualificação: com programas de capacitação que apoiem as transições;
- Transparência na comunicação: explicando como funcionam as movimentações internas e quais são as oportunidades;
- Equilíbrio entre desafio e recompensa: com suporte adequado aos profissionais em novas funções.
O ‘quiet hiring’ ganhou mais visibilidade em contextos de incerteza econômica, quando as empresas precisaram encontrar soluções criativas para continuar evoluindo com menos recursos, afirma Aere, que acredita que essa prática já é uma tendência duradoura.
“Empresas que implementam um modelo estruturado de movimentação interna e desenvolvimento contínuo criam um ambiente de trabalho mais dinâmico, motivador e consequentemente sustentável”, afirma a presidente da ABRH-SP.
*Layane Serrano para Exame