A previsão é que, dentro de um ano ou dois, a cada segundo pequeno diamante natural polido haverá um diamante cultivado em laboratório
Débora Rodrigues
Acredita-se que as reservas de diamantes naturais estarão esgotadas em meados do século e a produção de diamantes sintéticos ganha cada vez mais importância com isso. De acordo com estimativas da Business Insider India, o mercado global dos sintéticos valerá US $ 28,26 bilhões em 2024 como resultado da crescente demanda por operações de corte, polimento e perfuração.
Diante do cenário, a New Diamond Technology, sediada em São Petersburgo, buscou um grande avanço na história mundial da produção de diamantes ao produzir uma gema monocristalina tipo Ib pesando 103,50 quilates. Para isso, usou a tecnologia de alta pressão e alta temperatura (HPHT). A empresa ainda causou espanto ao fabricar um diamante lapidado pesando 20,9 quilates a partir de um diamante bruto monocristalino pesando 55,94 quilates.
Aleksandr Koliadin, CEO da New Diamond Technology, explicou que a empresa investe para criar novas tecnologias para o cultivo de grandes diamantes de cristal de vários tipos para joalheria e aplicações técnicas. E o uso de novas tecnologias surgiu a partir de um problema. Ao avaliar as possibilidades de uso de diamantes naturais tanto na indústria de joias como em áreas industriais, viu-se que a composição dos diamantes naturais não lhes permitia ser amplamente utilizada em áreas técnicas.
“É possível fazer um sensor a partir de um diamante natural, mas é impossível cloná-lo, já que não há cristais com as mesmas propriedades na natureza”, disse o executivo. No entanto, quando são usados cristais de diamantes cultivados, sua morfologia e composição podem ser controladas. “Como resultado, placas de diamante, lentes, bigornas e outros produtos ou dispositivos com as mesmas propriedades podem ser produzidos em massa a partir de cristais cultivados”, explicou Koliadin.
Segundo o CEO, para criar soluções tecnológicas eficientes utilizando o diamante foi preciso empregar diversos tipos de equipamentos de prensagem. O principal desafio era superar o limite de cinco quilates para o crescimento de diamantes monocristalinos. Os resultados deram um forte impulso à indústria de diamantes. Também estimulou o rápido desenvolvimento de outra tecnologia para o crescimento de cristais – deposição de grafite a partir da fase gasosa, chamada de método CVD. Foram cinco anos até que novos processos tecnológicos possibilitassem o crescimento de grandes diamantes monocristalinos, tornando-se assim líder mundial e recordista.
A empresa conseguiu superar a fronteira de 100 quilates ao cultivar um cristal com peso de 103,4 quilates. A empresa também possui recordes mundiais para produzir os maiores diamantes polidos, variando de 10 a 20 quilates cada.
A tecnologia de crescimento de diamantes monocristalinos tornou-se industrial. Fábricas que cultivavam diamantes começaram a surgir na China e na Índia. Indiretamente, isso foi facilitado pelo anúncio da De Beers, em 2018, de que construiria a maior fábrica para o cultivo de diamantes monocristalinos e que sua subsidiária, a Lightbox, deveria entrar no mercado. Assim conseguiriam proteger seu negócio principal, a mineração de diamantes naturais, devido a uma queda acentuada nos preços de diamantes cultivados e, por outro lado, se antecipar à tendência dos diamantes produzido, e isso fez com que grande número de fábricas de polimento seguisse seus passos para processar os chamados “sintéticos”.
Dentro de um ano ou dois a previsão é de que a cada segundo pequeno diamante natural polido haverá um diamante cultivado em laboratório. Isto ocorrerá por razões tanto técnicas quanto econômicas. As tecnologias estão cada vez mais aperfeiçoadas e há a crise na indústria de lapidação de diamantes. Fábricas indianas enxergam no cultivo algo economicamente viável para sua sobrevivência devido a uma queda em seu capital de giro e também a pequena diferença no custo de diamantes naturais menores e os de laboratório com a mesma qualidade.