A rede social está impulsionando as vendas de brincos
Por Erica Mendes
Quem diria que o ângulo de fotos e vídeos pudesse ditar tendências entre os acessórios mais usados pelos consumidores? Eis o ‘efeito Instagram’, é o que diz o relatório do bureau de tendências de varejo e moda Edited, divulgado no último dia 29.
A popularidade dessa rede social está moldando a escolha dos consumidores pelos acessórios que mais se destacam nas publicações. Considerando que o rosto é, sem dúvida, a parte do corpo mais evidenciado nas imagens, vide a febre das selfies, é natural a preferência pela aquisição de produtos que podem ser exibidos por ele. É aqui que entram os brincos: eles se tornaram os acessórios queridinhos do momento.
Segundo Katie Smith, analista de varejo sênior do Edited, “quando você está tirando fotos do seu rosto, os brincos têm uma chance maior de serem fotografados/filmados e de fazer uma declaração sobre o tipo de coisa legal que você é. E considerando o crescente interesse pela beleza, é comum os influenciadores compartilharem fotos de seus rostos (e claro, das orelhas) ”. Ainda segundo ela “quando se trata de acessórios, parece que o que você vê é o que você obtém. Ou seja, o que pode ser exibido em uma selfie é o que os compradores querem comprar”.
Esse ‘efeito Instagram’, batizado por Smith, tem sido claramente observado no varejo, principalmente nas lojas de departamento. Os varejistas estão atraindo os compradores com mais variedades de acessórios, que incluem joias, bolsas, chapéus (boinas, bonés e chapéus de palha enormes) e óculos de sol, já que todos esses produtos estão ‘assumindo’ os nossos feeds.
Um raio-X na categoria de joias apontou que há mudanças na demanda por esses produtos. Colares, pulseiras e anéis caíram 8,6%, 2,7% e 3,2%, respectivamente, estando abaixo de brincos, abotoaduras (aumento de 2,8%), broches (aumento de 36%) e tornozeleiras.
A ascensão dos brincos
A preferência por brincos é disparada desde o terceiro semestre de 2017. Peças de diversos modelos e estilos dominam a categoria.
Os brincos ‘statement’ (aqueles mais marcantes que atuam como peça central) são a grande novidade, sejam em formas abstratas e grandes aros de ouro ou em acrílico brilhante.
Os brincos singulares também estão crescendo a um ritmo acelerado, com alta de 29,5% nos últimos dois anos, ainda que eles cheguem a custar quase o dobro de um par tradicional. Os novos padrões de uso ditados pela moda evidenciam o uso da joia em apenas uma das orelhas ou dois brincos descoordenados, estimulando a compra de peças uma de cada vez.
Houve ainda um aumento na tendência de brincos menores como, por exemplo, os piercings, sendo usados como segunda, terceira ou quarta joia na mesma orelha. Isso está causando um aumento nas combinações de brincos que, até então, pareciam incompatíveis.
A retomada dos colares
Se você está bem abastecido de colares, não se desespere. Eles estão começando a retornar ao feed do Instagram, também influenciados por um novo ângulo das selfies. Porém, fique atento na crescente popularidade das camadas de correntes de ouro. “Assim como a tendência do brinco único é a representação da necessidade do consumidor de mostrar que é capaz de fazer a curadoria do seu próprio visual, com os colares não é diferente. Os consumidores estão muito além de escolher a primeira coisa que veem na frente, em vez disso, eles preferem exibir seus gostos emparelhando e misturando os colares em diversas camadas”, apontou Smith.
A profissional recomenda que o varejista dê uma olhada no seu estoque de colares e comece a se despedir das peças de “declaração”. “Introduza modelos com correntes mais finas e de diversos comprimentos, que podem ser usados juntos em um único look”.